Lula diz que não quer Guerra Fria e prefere negociar 'com todo mundo'
O presidente Lula (PT) disse que não quer uma nova Guerra Fria e prefere "negociar com todo mundo", durante encontro com o presidente chileno, Gabriel Boric, no Palácio do Planalto.
O que aconteceu
Lula reforçou que quer seguir negociando tanto com os Estados Unidos quanto com a China. "Eu não quero ter preferência sobre um ou sobre outro. Quem tem que ter preferência são os meus empresários. Mas eu, não, eu quero vender e comprar, fazer parceria."
O brasileiro tem sido um dos grandes críticos da política do presidente norte-americano, Donald Trump. "Os Estados Unidos resolveram estabelecer a discussão favorável a uma política protecionista, contrária a tudo o que foi falado para nós desde os anos 80", questionou Lula.
A nós, brasileiros, não agrada essa disputa estabelecida pelo presidente Trump. Eu acho que ela não é nem conveniente para os Estados Unidos, não é conveniente para a China, nem é conveniente para nenhum país do mundo.
Lula, sobre a atual política externa dos EUA
O chamado "tarifaço" de Trump criou uma espécie de guerra comercial com a China. Além das tarifas protecionistas gerais, Trump também tem pressionado para que países diminuam negócios com a China.
Em sua fala, anterior ao brasileiro, Boric foi no mesmo sentido. "O Chile é contra a guerra comercial, contra politização arbitrária do comércio. Defendemos com muita força nossa autonomia estratégica no mundo, tendo relações com diferentes países e regiões sem ter de escolher entre um e outro", disse o chileno.
Embora se mantenham neutro, Lula e o Itamaraty têm aproveitado o momento para estreitar os laços com a China. Lula recebeu o presidente Xi Jinping pessoalmente em Brasília, depois do G20, no Rio de Janeiro, e deverá ir a Pequim em maio.
"O que nós queremos é estabelecer uma política de cordialidade comercial", disse Lula à imprensa, após a reunião. "Para que a gente possa respeitar os direitos humanos, possa tratar os migrantes com o respeito que eles merecem. O mundo precisa voltar a uma certa normalidade."