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Israel: chefe da Segurança Interna demitido ataca Netanyahu em declaração sobre 7 de outubro

22/04/2025 07h33

O chefe dos serviços de Segurança Interna de Israel, Shin Bet, demitido pelo governo, acusou o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu de exigir dele "lealdade pessoal", em uma declaração juramentada à Suprema Corte israelense. O gabinete de Netanyahu afirmou que a declaração, que também se refere ao ataque do Hamas de 7 de outubro, era "falsa".

Em seu depoimento na segunda-feira (21), Ronen Bar acusa Benjamin Netanyahu de ter pedido lealdade pessoal a ele. "Estava claro" que, no caso de uma crise constitucional, ele teria que obedecer ao primeiro-ministro e não à Suprema Corte, escreveu no documento, divulgado pelo gabinete do procurador-geral.

"Naquela noite, nada foi escondido do aparato de segurança ou do primeiro-ministro", afirma sobre os atentados de 7 de outubro, que desencadearam a guerra na Faixa de Gaza. 

Ronen Bar rejeita veementemente as acusações de Benjamin Netanyahu e membros de seu governo de que o Shin Bet não alertou a tempo o primeiro-ministro e outros serviços de segurança sobre o ataque do Hamas.

Naquele dia, por volta das 3 da manhã, todas as agências de segurança receberam um alerta sobre "preparativos anormais e a possibilidade de intenções ofensivas por parte do Hamas", segundo o Shin Bet. 

Em sua declaração, Ronen Bar explicou que foi à sede do Shin Bet às 4h30, duas horas antes do ataque do Hamas ao território israelense, e deu instruções para que o conselheiro militar do primeiro-ministro fosse informado dos eventos. "Naquela noite, nada foi escondido do aparato de segurança ou do primeiro-ministro", acrescenta.

"Declarações falsas"

O gabinete de Benjamin Netanyahu rejeitou as declarações do chefe do Shin Bet.

"Ronen Bar fez alegações falsas em sua declaração à Suprema Corte, que serão refutadas detalhadamente em breve", disse em um comunicado. O primeiro-ministro afirmou que o chefe da Segurança Interna "falhou vergonhosamente" em 7 de outubro.

Em sua declaração, Ronen Bar também afirma que Benjamin Netanyahu disse "em mais de uma ocasião" que esperava que seus serviços tomassem medidas contra cidadãos israelenses envolvidos em protestos antigovernamentais, "com foco particular no monitoramento dos financiadores dos protestos".

O chefe da Segurança Interna também confirmou relatos da mídia de que Netanyahu tentou obter sua assinatura para atrasar o depoimento do primeiro-ministro no julgamento por fraude e corrupção. Ele também acusou o chefe do governo israelense de tê-lo "expulsado" das negociações sobre a libertação dos reféns. Para Ronen Bar, essa decisão colocou em risco a continuidade das discussões sobre um cessar-fogo com o Hamas.

Para a oposição israelense, a declaração constitui uma séria acusação contra Netanyahu. Mas o gabinete do primeiro-ministro e parlamentares dos partidos da coalizão governista alegam que o documento apresentado sob juramento por Ronen Bar é "mentiroso" e representa até mesmo uma verdadeira tentativa de golpe.

A declaração apresentada por Ronen Bar à Suprema Corte também inclui uma parte confidencial, na qual estariam as evidências para as acusações feitas pelo ex-chefe do Shin Bet. 

Para a mídia israelense nesta manhã de terça-feira (22), a situação representa muito mais do que um novo confronto entre Netanyahu e Bar. Ela é uma verdadeira "declaração de guerra", de acordo com a manchete do jornal de oposição Haaretz. Ronen Bar deve permanecer no cargo, diz o editorial do diário.

Ronen Bar anunciará em breve a data de renúncia

Este é o mais recente episódio da saga jurídica e política que coloca Benjamin Netanyahu contra o chefe do Shin Bet, cuja demissão, anunciada pelo governo, provocou protestos em grande parte da opinião pública israelense e levou a manifestações em massa.

Em 8 de abril, a Suprema Corte manteve sua decisão inicial de suspender a demissão do chefe do Shin Bet, após analisar cinco recursos. Ronen Bar "continuará a exercer suas funções até uma nova decisão", decidiu o tribunal, autorizando o governo a entrevistar candidatos para sua sucessão, mas proibindo qualquer "anúncio de nomeação".

"Anunciarei minha data de renúncia em breve", conclui Ronen Bar na declaração que tem 11 páginas. O documento "prova que Netanyahu é perigoso para a segurança de Israel", reagiu o líder da oposição Yair Lapid no X.

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