Professores do Reino Unido denunciam aumento do masculinismo nas escolas
O aumento do masculinismo nas escolas britânicas intriga educadores e o governo. Cada vez mais professores vêm a público denunciar sua preocupação com comportamentos misóginos entre alunos. O fenômeno é atribuído às redes sociais, videogames e o destaque de figuras sexistas, como o influenciador britânico-americano Andrew Tate e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Com informações de Sidonie Gaucher, correspondente da RFI em Londres
Uma pesquisa publicada no último 19 de abril pelo Associação Nacional dos Sindicatos de Professoras Mulheres (Nasuwt, sigla em inglês) mostra que a situação começa a sair do controle das autoridades. Os integrantes da organização denunciam uma série de comportamentos tóxicos nas escolas, principalmente entre os meninos. Segundo a organização, alguns deles simulam latidos para as professoras, bloqueiam a passagem delas nos corredores e fazem comentários sexistas e racistas em sala de aula.
Para mais da metade das educadoras ouvidas na pesquisa, a principal causa do fenômeno é a internet, e mais especificamente as redes sociais. É nessas plataformas que crianças, às vezes desde o ensino fundamental, são expostos a um imenso fluxo de conteúdos violentos, pornográficos e conspiratórios. Entre eles, informações falsas ou abertamente extremistas.
Imersos em discursos sexistas, racistas ou homofóbicos, os comportamentos tóxicos estão de banalizando nas escolas do país, a tal ponto que os alunos não temem mais as consequências. A Associação Nacional de Professoras do Reino Unido afirma que, em alguns casos, as próprias famílias contestam as regras da escola e se recusam a admitir a responsabilidade de seus filhos.
Medidas do governo são insuficientes
Diante desta situação, algumas medidas foram colocadas em prática, mas elas parecem ser insuficientes até o momento. O governo recorre à implementação da lei sobre a segurança online e anuncia iniciativas pedagógicas para ajudar os professores a lidar com a situação internamente. Já o Partido Trabalhista, do primeiro-ministro Keir Starmer, propõe exibir a série "Adolescência", atualmente disponível na Netflix, que aborda vários dos problemas enfrentados pelas escolas britânicas.
Para o sindicato na origem da pesquisa, as medidas não abrangem toda a complexidade do problema. Por isso, os integrantes da associação fazem um apelo em prol de uma estratégia nacional. "Pedimos ao governo que lidere esforços para enfrentar as causas profundas do fenômeno e para garantir a segurança das crianças online", diz o secretário-geral do sindicato, Patrick Roach.
Para ele, proibir os smartphones em sala de aula não resolve a exposição dos menores a conteúdos inapropriados fora da escola. Segundo ele, é necessário regular de forma mais eficiente o que circula na internet e realizar uma grande sensibilização junto às famílias. Roach defende que os estabelecimentos de ensino são apenas uma pequena parte de um problema muito mais vasto.