Corpo do papa Francisco já está em caixão dentro de igreja, diz Vaticano

O corpo do papa Francisco foi colocado em um caixão horas após o anúncio da morte. Jorge Mario Bergoglio sofreu um AVC e insuficiência cardíaca, no Vaticano, aos 88 anos.
O que aconteceu
Cerimônia de certificação de morte. Rito foi realizado na noite de hoje (horário local), na capela da residência Santa Marta, onde o papa morava. Segundo o Vaticano, o cardeal Kevin Joseph Farrell, camerlengo da Igreja Romana, presidiu a cerimônia e a colocação do corpo no caixão.
Certidão de óbito foi autenticada. Durante a celebração, Farrell leu o documento e o autenticou. O rito durou cerca de uma hora. Informação foi divulgada pela sala de imprensa da Santa Sé, que esclareceu que colaboradores do papa têm acesso à capela onde repousa o corpo do pontífice.
Mais cedo, aconteceu a primeira oração por Francisco no Vaticano. O Santo Rosário foi conduzido pelo cardeal Mauro Gambetti, na Praça de São Pedro, em homenagem ao pontífice.
Corpo do papa ficará exposto por três dias na Basílica de São Pedro para a devoção dos fiéis. A data do funeral será definida pelo Colégio dos Cardeais nas próximas horas.
Francisco ordenou uma simplificação de todos os rituais fúnebres. Antes de morrer, ele descartou, por exemplo, o uso do catafalco, espécie de plataforma onde os corpos dos papas anteriores eram colocados. Os fiéis serão convidados a prestar suas homenagens enquanto o corpo de Francisco ficará dentro do caixão, com a tampa aberta.
Papa escolheu um caixão simples de madeira revestido de zinco. Pela tradição, o chefe da Igreja é enterrado em três caixões interligados feitos de cipreste, chumbo e carvalho.
O rito renovado, ademais, deveria enfatizar ainda mais que o funeral do Romano Pontífice é o de um pastor e discípulo de Cristo e não de uma pessoa poderosa deste mundo.
Arcebispo Diego Ravelli, Mestre das Celebrações Litúrgicas dos Pontífices
Ele também optou por ser enterrado na Igreja de Santa Maria Maggiore, em Roma. A igreja foi o primeiro lugar que Jorge Mario Bergoglio foi após se tornar papa e que procurou durante a pandemia de covid-19. Ele disse mais de uma vez que se sentia "engaiolado" no Vaticano.
É a primeira vez em mais de um século que um papa será enterrado fora do Vaticano. A escolha foi por se tratar da igreja que Francisco tradicionalmente frequentava para fazer suas orações em Roma (diocese da qual era, oficialmente, o bispo). Antes dele, Leão XIII, em 1903, pediu para ser enterrado na igreja de São João de Latrão.
Papa morreu às 2h35 (horário de Brasília). Ele se recuperava de uma pneumonia dupla, que o deixou 37 dias no hospital, entre fevereiro e março deste ano.
Ele apareceu publicamente no Domingo de Páscoa para dar a bênção aos fiéis na Praça de São Pedro, no Vaticano. Ele se movimentava em uma cadeira de rodas e acenou da varanda após o fim da celebração da missa. Um assessor leu a mensagem "urbi et orbi" (para a cidade de Roma e para o mundo) por ele.
Jorge Bergoglio foi o primeiro pontífice latino-americano. Ele escolheu o nome Francisco em homenagem ao santo padroeiro dos pobres e deixou um legado de reformas importantes e uma postura considerada mais progressista.
Última mensagem de Francisco pedia paz
Na mensagem escrita por ele, o pontífice fez votos de paz e pediu o desarmamento. "Não é possível haver paz sem um verdadeiro desarmamento! A necessidade que cada povo sente de garantir a sua própria defesa não pode transformar-se numa corrida generalizada ao armamento", diz a mensagem lida pelo monsenhor Diego Ravelli, mestre das Celebrações Litúrgicas Pontifícias, no Domingo de Páscoa.
Que o princípio da humanidade nunca deixe de ser o eixo do nosso agir cotidiano. Perante a crueldade dos conflitos que atingem civis indefesos, atacam escolas e hospitais e agentes humanitários, não podemos esquecer que não são atingidos alvos, mas pessoas com alma e dignidade.
Papa Francisco
O Santo Padre denunciou a situação "dramática e deplorável" na Faixa de Gaza e pediu ao Hamas que liberte os últimos reféns. "Expresso minha proximidade com os sofrimentos (...) de todo o povo israelense e do povo palestino", disse.
O argentino pediu aos líderes políticos que "não cedam à lógica do medo que aprisiona" e que "derrubem as barreiras que criam divisões". "Nenhuma paz é possível onde não há liberdade religiosa ou liberdade de pensamento e de expressão", disse o sumo pontífice em seu discurso.
*Com informações de AFP e Estadão Conteúdo