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Mulheres acusam médica influencer de violência no parto: 'Ele nasceu morto'

Anna Beatriz Herief, médica acusada por violência obstétrica - Reprodução/Instagram
Anna Beatriz Herief, médica acusada por violência obstétrica Imagem: Reprodução/Instagram
do UOL

Do UOL, em São Paulo

21/04/2025 00h01

Uma médica obstetra teve seu registro profissional suspenso após mulheres a denunciarem por violência obstétrica durante partos. O caso foi revelado pelo Fantástico, da TV Globo.

O que aconteceu

Anna Batriz Herief prometia parto humanizado, mas quatro mulheres relataram que sofreram violência obstétrica. Bia Herief, como é conhecida, tem mais de 250 mil seguidores nas redes sociais e oferece cursos e agendamentos para partos no Instagram. A médica nega as acusações.

Quatro mulheres denunciaram a médica. De acordo com os relatos, a obstetra foi responsável por uma série de erros, além de ter sido imprudente e negligente em seus atendimentos. Um parto humanizado oferecido pela médica pode custar até R$ 20 mil.

Não há o que se falar de negligência, imprudência ou imperícia que possa configurar qualquer descuido por parte da doutora em relação aos partos que ela conduziu profissionalmente.
Matheus Chiocheta, advogado da obstetra

"Custou a vida do meu filho". Bianca Angelim, uma das pacientes que denunciam a obstetra, narra que tem hipertensão e que foi induzida a dizer que não tinha para que não fosse encaminhada à UTI. Durante troca de mensagens no Whatsapp, Bianca acabou convencida. A criança morreu durante o parto.

Larissa Kaehler, paciente com gravidez de alto risco, teve pré-eclampsia (hipertensão gestacional) e aponta um grave erro na atuação da médica. Ao Fantástico, a mulher contou que seu parto durou 12 horas e que a médica usou um aparelho vácuo-extrator, para puxar o bebê, de forma indevida — indo na direção contrária do que diz a literatura médica. O equipamento foi usado sete vezes, segundo ela, enquanto o ideal é no máximo quatro vezes.

Ao fim, com os batimentos cardíacos do bebê comprometidos, uma cirurgia cesariana foi realizada. "Ele nasceu morto, eu percebi que alguma coisa tinha dado terrivelmente errado, porque eu vi as médicas gritando pedindo adrenalina, iniciar uma manobra para ressuscitar ele", contou ela. A criança foi reanimada, e os pais monitoram de perto se ela ficou com alguma sequela.

Outra paciente relatou que teve uma artéria costurada ao ureter, que liga o rim à bexiga. Roberta Mendes contou que teve muitas dores e dificuldade para respirar após o processo. Ao contratar um perito médico, ela constatou que houve um "erro cirúrgico, imprudência e imperícia" por parte da equipe contratada por Beatriz Herief. Seu bebê também nasceu de cesariana.

A médica Isadora Bueloni disse que se sentiu traída porque a obstetra usou um hormônio para intensificar contrações uterinas sem seu consentimento.

Enquanto eu estava lá pedindo socorro, implorando para analgesia, dizendo que eu não aguentava mais, que eu queria uma cesariana, ela tava lá fazendo aquilo que estava intensificando as minhas dores.
Isadora Bueloni, ao Fantástico

Anna Beatriz Herief negou as acusações. "Tudo que a gente vai fazer na paciente, encostar na paciente, inclusive no pré-natal, a gente pede consentimento para ela", disse.

Desde o ano passado, após conhecimento das denúncias, o Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro suspendeu o registro da obstetra. Enquanto o processo de cassação estiver em trâmite, a interdição deve ser renovada.

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