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Hamas propõe trégua de duração de até 15 anos na Faixa de Gaza em conversa com mediadores

21/04/2025 11h20

O jornal The Times of Israel revelou no domingo (20) informações de que o Hamas teria sugerido uma trégua de longa duração que poderia durar entre 10 e 15 anos, durante conversas na semana passada com mediadores árabes.

O jornal The Times of Israel revelou no domingo (20) informações de que o Hamas teria sugerido uma trégua de longa duração que poderia durar entre 10 e 15 anos, durante conversas na semana passada com mediadores árabes.

Henry Galsky, correspondente da RFI em Israel

Segundo um oficial palestino e um diplomata de um dos países árabes que participam das negociações, o Hamas estaria disposto a assumir compromissos inéditos, como interromper todas as operações militares, inclusive a construção de túneis subterrâneos.

As armas do grupo seriam guardadas numa espécie de depósito.

Do ponto de vista político, o Hamas estaria disposto também a ceder o poder a um grupo de tecnocratas palestinos independentes.

O acordo incluiria também a libertação de todos os reféns israelenses de uma única vez em troca da libertação de um número ainda indefinido de prisioneiros palestinos.

O Hamas ainda mantém em seu poder 59 reféns israelenses, dos quais a avaliação é que ao menos 35 estejam mortos.

A proposta exige que Israel retire todas as suas forças da Faixa de Gaza, que também permita a retomada da entrada de ajuda humanitária no território e o início da reconstrução do enclave palestino.

Netanyahu insiste em dizimar Hamas

Em pronunciamento na noite do último sábado, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, disse que seu governo não irá concordar em encerrar a guerra e retirar as tropas Gaza até que o Hamas seja completamente derrotado.

Ao mesmo tempo, o Hamas se recusa a aceitar a exigência de Israel de se desarmar completamente.

A Defesa Civil palestina acusou o exército israelense de "execuções sumárias" durante o tiroteio que matou 15 socorristas em março na Faixa de Gaza. A afirmação contradiz as conclusões de uma investigação do exército de Israel, divulgadas no domingo, indicando que não ter encontrado evidências de execução.

A investigação apontou, no entanto, "falhas profissionais", "desobediência" e "mal-entendidos" por parte dos soldados israelenses envolvidos no tiroteio. 

Volta de reféns "não é objetivo mais importante"

Causando profunda indignação entre políticos e sociedades civis, o ministro das Finanças de Israel, Bezalel Smotrich, disse a uma rádio de direita que trazer os reféns israelenses de volta de Gaza não é "o objetivo mais importante do governo".

Smotrich é uma das vozes mais radicais da atual coalizão e defende mesmo a reocupação completa da Faixa de Gaza por Israel.

"Precisamos dizer a verdade; trazer os reféns de volta não é o mais importante", disse Smotrich.

A opinião pública israelense é amplamente favorável ao fim da guerra em troca da libertação de todos os reféns: 69%, segundo pesquisa divulgada pelo Canal 12 no final de março. Mesmo entre aqueles eleitores que votaram em partidos que compõem a coalizão de Netanyahu, 54% manifestam essa mesma posição.

Jornalistas estrangeiros na Faixa de Gaza

No último dia 7 de abril, a Suprema Corte de Israel cancelou a audiência agendada para analisar a petição da Associação de Imprensa Estrangeira no país (FPA, em inglês), que exige a livre entrada de jornalistas na Faixa de Gaza.

Após o cancelamento, a FPA foi informada que nova audiência irá ocorrer em 21 de maio, segundo apurou a RFI.

O argumento da Corte é de que o cancelamento foi decidido em função de "limitações no calendário do tribunal". A decisão ocorreu seis meses depois que a petição urgente foi protocolada pela associação e um ano e meio após os jornalistas terem sido impedidos de entrar em Gaza.

Do ponto de vista prático, as reportagens sobre o que acontece em Gaza são produzidas por jornalistas que vivem no território palestino já desde antes do início da guerra ou por jornalistas estrangeiros que conseguem entrar na Faixa de Gaza a partir da fronteira com o Egito.

Após os ataques do Hamas às comunidades e cidades do sul de Israel em 7 de outubro de 2023 e a posterior ação militar israelense, jornalistas israelenses e estrangeiros foram proibidos de entrar no enclave palestino.

Essa foi a segunda petição apresentada pela FPA; a primeira - protocolada logo nos primeiros meses da guerra - foi rejeitada pela Suprema Corte do país "por questões de segurança".

Inicialmente, o primeiro prazo de resposta à petição da associação de jornalistas estava marcado para 10 de outubro de 2024. No entanto, o Estado solicitou e foi atendido no pedido para estender o prazo de resposta por seis vezes. A decisão sobre os sucessivos adiamentos foi de Noam Sohlberg, um dos juízes da Suprema Corte.

Procurado pela RFI, o gabinete do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu disse que não irá se manifestar sobre o assunto.

De forma anônima, uma fonte militar disse que, por ser um momento de guerra, "os pedidos para entrar em Gaza não são feitos de fora para dentro, mas ao contrário".

"Quando existe a possibilidade, permitimos (a entrada de jornalistas), como já fizemos dezenas de vezes", disse a fonte.

 

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