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Disputa em forma de meme: guerra comercial entre EUA e China ganha nova arena nas redes sociais

21/04/2025 15h44

Antigamente, guerras comerciais se decidiam em salas de reunião e manchetes de jornal. Hoje, elas também se desenrolam no TikTok, entre vídeos curtos, sátiras e dublagens virais. A disputa entre Estados Unidos e China ganhou uma nova arena: as redes sociais. E o mais curioso é que isso não é apenas entretenimento ? é formação de opinião, disputa de narrativa e política econômica em formato de meme.

Com o novo pacote de tarifas anunciado por Donald Trump ? que chega a até 145% sobre certos produtos chineses ?, o TikTok virou um campo de batalha criativo. Usuários chineses e americanos reagiram com humor ácido: vídeos de Trump e seu vice-presidente JD Vance trabalhando em fábricas, sátiras sobre o preço de produtos do dia a dia, e até versões exageradas da vida com tarifas viraram virais. Por trás da piada, há uma crítica clara: essas políticas parecem, para muitos, desconectadas da realidade de quem consome e de quem produz.

Ao mesmo tempo, empresários americanos usam o TikTok para mostrar como essas tarifas afetam o dia a dia de seus negócios. A fundadora da Curio Blvd, Chelsey Brown, virou um exemplo disso. Nos vídeos que publica, ela explica como os custos subiram, como fornecedores sumiram, e como isso tudo bagunçou sua operação. O que antes ficava restrito a relatórios técnicos agora aparece na tela do celular de milhões de pessoas, com rosto, emoção e contexto.

Do outro lado do mundo, fábricas chinesas também se adaptaram: passaram a usar o TikTok para vender diretamente ao consumidor americano, tentando escapar dos efeitos das tarifas. Os produtos são versões mais baratas de marcas conhecidas ? nem sempre com a mesma qualidade, mas com preços mais acessíveis. É uma reação rápida a uma mudança brusca: se o canal tradicional fica mais caro, criam-se novos caminhos.

Esse fenômeno revela algo maior: a diplomacia e a política econômica estão cada vez mais digitalizadas. As redes sociais viraram espaço de pressão, denúncia e até marketing geopolítico. O curioso é que muitas vezes são jovens anônimos, pequenos empresários ou criadores de conteúdo que conseguem moldar a percepção pública com mais impacto do que discursos de governo ou editoriais de jornal.

Ignorar esse movimento é não enxergar onde as grandes disputas estão acontecendo hoje. A guerra comercial de 2025 não se trava só entre Washington e Pequim ? ela acontece também nos comentários, nos reposts, nas piadas que viralizam. E, num cenário assim, quem entende o poder da narrativa digital pode sair na frente ? influenciando mercados, políticas e, quem sabe, até resultados eleitorais.

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