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Moradores criticam demolição de prédio modernista em SP: 'Em nome do lucro'

Edifício foi construído em 1980 - Reprodução/Instagram
Edifício foi construído em 1980 Imagem: Reprodução/Instagram
do UOL

Do UOL, em São Paulo

20/04/2025 17h30Atualizada em 20/04/2025 19h43

Moradores que integram o movimento Pró-Pinheiros, bairro da zona oeste da capital paulista, contestam o início da demolição do antigo prédio da Cultura Inglesa, localizado na rua Deputado Lacerda Franco. O edifício foi construído em 1980 pelo escritório do arquiteto modernista Rino Levi.

O que aconteceu

Demolição teve início neste sábado. O grupo disse que tentou construir um diálogo com a Prefeitura de São Paulo e com a construtora SKR, responsável pelo novo empreendimento que será erguido no local, mas não obteve retorno. "Até quando vamos perder nosso patrimônio? Até quando os cidadãos terão que estar em vigília permanente para proteger o que é bem de todos?", questionou o movimento nas redes sociais.

Relevância arquitetônica e valor simbólico. Apesar de não ser tombado, o edifício, segundo o grupo Pró-Pinheiros, tem uma importância para a memória do bairro. Foi nele que funcionou por anos a Cultura Inglesa. Para os moradores, a antiga sede da empresa marcou gerações. "Não apenas pelos cursos oferecidos, mas também por seus projetos culturais, apresentações e ações voltadas à comunidade. O edifício é um verdadeiro marcador de memória urbana e social, que não pode ser ignorado", diz o manifesto publicado pelo grupo.

Mobilização inclui cobrança por respostas. O grupo de moradores também lamenta não saber o que será construído no local. "Queremos entender qual é o projeto proposto para o local, por que o edifício está sendo demolido, e o que poderia ser feito de forma alternativa".

Grupo cita falta de preservação do patrimônio histórico da cidade. "Imóveis que foram referências culturais, educativas e de convivência social estão sendo silenciosamente apagados". O edifício fazia parte do acervo de estudos da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP (Universidade de São Paulo).

Exigimos um posicionamento público da empresa. Exigimos que os órgãos de preservação se manifestem. A cidade não pode continuar perdendo seus marcos de memória em nome do lucro imediato. A cidade pertence a quem a vive. A memória não é entulho.
Manifesto do Pró-Pinheiros

O prédio foi projetado pelo escritório do arquiteto Rino Levi. Ele também é autor de edifícios emblemáticos da capital, como o Teatro Cultura Artística, o Hospital Albert Einstein e diversos projetos residenciais e institucionais que marcaram a paisagem paulistana do século 20.

Vereador questiona demolição. O vereador e urbanista Nabil Bonduki (PT) declarou que a prefeitura deveria ter se antecipado e aberto o processo de tombamento do edifício. Em um texto publicado nas redes sociais, ele cita o Conpresp (Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo) e diz que o órgão é "conivente com essa destruição".

A Prefeitura de São Paulo informou que o edifício não era tombado. Em nota, a Secretaria de Cultura e Economia Criativa esclareceu também que o imóvel não estava em estudo de tombamento pelo órgão de proteção ao patrimônio histórico municipal.

O imóvel teve processo de alvará de execução de demolição deferido em março de 2025, segundo a pasta. A gestão municipal declarou que mantém canais abertos para o recebimento de sugestões de estudos de tombamento, que podem ser apresentados por qualquer cidadão ou entidade da sociedade civil.

O UOL também procurou a construtora SKR para comentar o tema, mas não houve retorno. O espaço segue aberto para manifestação.

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