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'Harvard é antissemita', diz Trump em meio a conflito com universidade

O presidente dos EUA, Donald Trump no Salão Oval da Casa Branca em 7 de abril de 2025 em Washington, DC  - Kevin Dietsch/Getty Images/AFP
O presidente dos EUA, Donald Trump no Salão Oval da Casa Branca em 7 de abril de 2025 em Washington, DC Imagem: Kevin Dietsch/Getty Images/AFP
do UOL

Colaboração para o UOL, em São Paulo

17/04/2025 18h51Atualizada em 17/04/2025 19h11

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, acusou a Universidade de Harvard de ser "obviamente antissemita" e uma "desgraça". A fala foi feita durante uma coletiva de imprensa no Salão Oval nesta quinta-feira.

O que aconteceu

"Harvard é uma desgraça, o que eles fizeram é uma desgraça, eles são obviamente antissemitas", disse Trump. O governo do republicano suspendeu 2,2 bilhões de dólares em fundos para a universidade nesta semana, após a reitoria se recusar a cumprir com exigências do governo.

Trump defendeu que universidade pague impostos por "agenda política". Universidades são isentas de taxação nos Estados Unidos, mas o governo do presidente articula que a IRS (órgão semelhante à Receita Federal) passe a cobrar impostos sobre receita e propriedade dessas instituições. Na coletiva de imprensa, Trump também afirmou que a isenção de impostos é um "privilégio que vem sendo abusado" por Harvard, mas também por outras universidades.

Talvez Harvard devesse perder seu status de isenção fiscal e ser taxada como uma entidade política se continuar promovendo a "doença" inspirada em política, ideologia e terrorismo? Lembre-se, o status de isenção fiscal depende totalmente de agir no INTERESSE PÚBLICO! Donald Trump, em sua rede social Truth Social

Mais cedo, governo Trump ameaçou bloqueio de estudantes estrangeiros em Harvard. A secretária de Segurança Interna Kristi Noem afirmou: "Se Harvard não puder verificar que está em plena conformidade com os requisitos, a universidade perderá o privilégio de matricular estudantes estrangeiros. Com um patrimônio de US$ 53,2 bilhões, Harvard pode financiar seu próprio caos — o Departamento de Segurança Interna não o fará."

Entenda o caso

Universidade de Harvard, nos Estados Unidos - Arquivo - Joseph Prezioso / AFP - Arquivo - Joseph Prezioso / AFP
Universidade de Harvard, nos Estados Unidos
Imagem: Arquivo - Joseph Prezioso / AFP

Departamento de Educação cita antissemitismo para congelar fundos. Em comunicado, o órgão escreveu: "A interrupção do aprendizado que afetou os campi nos últimos anos é inaceitável. O assédio a estudantes judeus é intolerável. (...) O Grupo de Trabalho Conjunto para Combater o Antissemitismo anuncia um congelamento de 2,2 bilhões de dólares".

Trump havia ameaçado corte de US$ 9 bilhões em fundos. No início de abril, o governo do presidente republicano fez uma série de exigências à direção da universidade, incluindo o fim dos programas de DEI (Diversidade, Equidade e Inclusão) e mudanças nos programas que "alimentam o assédio antissemita".

Universidade foi primeira a rejeitar exigências de Trump. Em uma carta assinada por dois advogados da universidade dirigida à administração republicana, Harvard, uma das instituições de ensino mais respeitadas do mundo, afirma que "não renunciará à sua independência, nem aos direitos que a Constituição lhe garante".

Nem Harvard, nem nenhuma universidade privada pode permitir que o governo federal a controle. Harvard não está disposta a aceitar exigências que vão além da autoridade legítima desta administração ou de qualquer outra. Advogados de Harvard, em carta

Harvard foi palco de protestos pró-Palestina por estudantes. O governo Trump e a reitoria da universidade tomaram muitas ações desses protestos como antissemitas, e alguns alunos chegaram a ser suspensos. A instituição afirmou ter adotado importantes medidas nos últimos 15 meses para combater o antissemitismo, e está "em uma situação muito diferente da de um ano atrás".

Advogados defendem que Trump violou constituição. Segundo eles, o governo "ignora os esforços de Harvard e apresenta exigências que, em contradição com a primeira emenda, minam a liberdade das universidades assegurada há muito tempo pela Suprema Corte". A primeira emenda da Constituição dos Estados Unidos garante as liberdades fundamentais, em particular a liberdade de expressão.

Governo já cortou US$ 400 milhões da Universidade de Columbia por protestos. Ao contrário de Harvard, a instituição se comprometeu a realizar reformas drásticas exigidas pela administração para tentar recuperar esses fundos.

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