Caso Vitória: laudo revela sangue em casa e carro de suspeito

A polícia encontrou vestígios do sangue de Vitória Regina Sousa na casa do principal suspeito do crime. A jovem foi morta em 27 de fevereiro, mas o corpo dela só foi encontrado seis dias depois.
O que aconteceu
Uma mancha de sangue foi achada no batente da porta do banheiro da casa de Maicol Santos. Mas a polícia ainda investiga se ela foi levada até o local. "Com base no interrogatório dele, a presença de Vitória na casa estaria excluída. O que podemos afirmar com certeza é que ela se apoiou no batente do banheiro ou ele próprio, mas com elementos sanguíneos ou fluídos corporais diversos dela", explicou Fábio Lopes Cenachi, delegado de Cajamar.
Amostras de DNA também foram encontrados no carro do suspeito. Os resultados do laudo pericial apontam uma mistura do sangue de Maicol e Vitória no forro do porta-malas, e em um dos bancos do Corolla que ele dirigia na noite do crime.
Polícia sabe que Vitória foi esfaqueada três vezes dentro do carro. Ela foi golpeada abaixo da orelha, na lateral esquerda do pescoço e no tórax.
"Temos certeza que ela foi agredida antes, em vida, por causa dos ferimentos que encontramos. Todas as facadas foram penetrantes e provocaram lesões internas graves e importantes, o que culminou em uma hemorragia. Ela veio a óbito por causa da hemorragia", disse o delegado.
Laudos da Polícia Técnico-Científica apontam que ela não morreu dentro do carro. Uma reconstituição do caso está marcada para acontecer no dia 24 de abril. A expectativa da polícia é esclarecer pontos ainda em aberto na investigação, como se Vitória esteve na casa de Maicol ou não.
Polícia acredita que ele agiu sozinha no sequestro e assassinato de Vitória. "Até o momento da morte a maior probabilidade é que ele tenha participado solitariamente do evento óbito".
Maicol foi indiciado no final de março. Polícia citou homicídio qualificado, sequestro e ocultação de cadáver.
Suspeito confessou crime
Maicol confessou o crime à polícia e detalhou que matou Vitória com dois golpes de faca. Ele afirmou que matou a vítima porque ela queria contar a esposa dele que os dois haviam tido um caso no passado. Segundo o homem, após uma discussão, Vitória deu tapas e arranhões nele, que pegou um objeto cortante e golpeou a vítima.
Ele afirmou que enterrou o corpo sozinho. Questionado sobre se os outros investigados pelo crime tiveram participação no caso, ele negou. Além disso, ele afirmou não ter passagens pela polícia, negou integrar facções criminosas e afirmou que nunca tinha pisado em uma delegacia.
Vídeo ilustra trecho do depoimento ao qual o UOL teve acesso. De acordo com outros detalhes da confissão à polícia, Maicol atraiu a jovem ao seu carro, um Corolla Prata, oferecendo uma carona e começou a questioná-la sobre um suposto envolvimento passado.
Relembre o caso
Vitória desapareceu no fim de fevereiro depois que saiu do trabalho, em um shopping de Cajamar, na Grande São Paulo. Naquela noite, a jovem pegou um ônibus e mandou mensagem para uma amiga. Depois, pegou outro ônibus e escreveu para a amiga novamente dizendo que estava com medo de estar sendo seguida.
O corpo dela foi encontrado no dia 5 de março. Os laudos periciais apontam que ela sofreu lesões fatais, decorrentes de três facadas, e morreu por hemorragia interna e externa. Não há sinais de abuso sexual.
Investigações mostram que Maicol era "obcecado pela vítima". Ele monitorava a adolescente pelas redes sociais desde 2024, segundo a polícia, e viu uma publicação em que ela mostrava estar sozinha na rua indo para o ponto de ônibus.
Em caso de violência, denuncie
Ao presenciar um episódio de agressão contra mulheres, ligue para 190 e denuncie.
Casos de violência doméstica são, na maior parte das vezes, cometidos por parceiros ou ex-companheiros das mulheres, mas a Lei Maria da Penha também pode ser aplicada em agressões cometidas por familiares.
Também é possível realizar denúncias pelo número 180 — Central de Atendimento à Mulher — e do Disque 100, que apura violações aos direitos humanos.