Temer defende reduzir pena em vez de anistia e diz que Moraes é 'sensível'

O ex-presidente Michel Temer (MDB), responsável pela indicação do ministro Alexandre de Moraes ao STF (Supremo Tribunal Federal), afirmou ao jornal O Globo que é legítima a discussão no Congresso de um projeto de anistia aos investigados nos atos golpistas de 8 de Janeiro.
Para ele, a melhor saída, porém, seria a própria Corte reduzir a pena dos condenados.
Proposta 'meio-termo'
Temer defende uma proposta "meio-termo". O ex-presidente acredita ainda que Moraes, o relator dos casos, não seria inflexível em relação a essa solução.
O Congresso tem o direito de editar uma lei referente à anistia, não se pode negar isso, mas talvez, para não criar nenhum mal-estar com o STF, o melhor seria que o próprio STF fizesse uma nova dosagem das penas.
É possível fazer uma nova dosimetria. Punição houve, tinha de haver, mas também a pena deve ser de menor tamanho. É uma solução conciliatória. O que estou propondo é uma mediação, um meio-termo.
Moraes é um ministro moderado, sensível e que sabe o que fazer. Não é um sujeito cheio de rancores.
Michel Temer, à coluna de Malu Gaspar, de O Globo
Elogio a Moraes
O ex-presidente elogiou as decisões de Moraes que colocaram em prisão domiciliar investigados por envolvimento na tentativa de golpe.
O Alexandre prestou serviço extraordinário. Se não fosse ele, não teria eleições no Brasil. Ele já liberou muita gente para prisão domiciliar, o que já é um sinal. Ele cumprirá um papel de pacificação.
Em 25 de abril, será retomado o julgamento virtual da cabeleireira Débora Rodrigues dos Santos, que pichou com batom a frase "perdeu, mané" na estátua da Justiça durante os ataques.
O julgamento foi interrompido no final de março pelo ministro Luiz Fux, que pediu mais tempo para analisar o caso. Moraes e Flávio Dino já haviam votado para condenar Débora a 14 anos de prisão.
Ela se tornou uma espécie de símbolo contra o que a direita chama de "excessos" de Moraes.
Após a suspensão, Moraes acatou manifestação da PGR (Procuradoria-Geral da República) e determinou que a cabeleireira cumpra prisão domiciliar.