Michelle e Carlos centralizam cuidados e comunicação de Bolsonaro
Michelle e Carlos Bolsonaro estão centralizando os cuidados e as decisões pós-cirúrgicas relativas a Jair Bolsonaro.
O que aconteceu
A dupla está no hospital em Brasília onde o ex-presidente está internado na UTI. A operação ocorreu na capital federal por determinação de Michelle. Agora, ela tem respondido para as autoridades que buscam informações sobre Bolsonaro.
Michelle não permite que política seja assunto. Parlamentares relataram ao UOL que as conversas se limitam à saúde. Temas como a anistia estão fora da rotina e não estão sendo levados ao ex-presidente.
O porta-voz nas redes sociais é outro. Com posto informal de coordenador da comunicação digital de Bolsonaro, Carlos viajou do Rio de Janeiro a Brasília. Ele tem alimentado os perfis do ex-presidente. Foram quatro posts no Instagram desde o domingo da operação - o último deles caminhando com auxílio de Michelle.
Ordem na casa
A situação atual contrasta com a que havia antes de Bolsonaro ser internado em Brasília, no sábado à noite. Até então, o ex-presidente estava num hospital em Natal e recebia políticos em seu quarto.
As visitas viravam post nas redes sociais de aliados. Muitos políticos aproveitavam a presença de jornalistas e davam entrevistas falando sobre o estado de saúde de Bolsonaro.
Tudo mudou depois de uma publicação de Michelle no domingo. Ela comunicou aos apoiadores que, a partir daquele momento, as únicas fontes confiáveis de informação sobre Bolsonaro eram a família e os médicos. O pastor Silas Malafaia até fez um post informando que tinha recebido o aval de Michelle para publicá-lo.
Por determinação dos cirurgiões, as visitas estão proibidas. Os políticos estão sem acesso direto ao ex-presidente. Eles sinalizaram que entenderam o recado e cessaram as entrevistas.
No começo da noite de ontem, Michelle reforçou o recado. Ela postou que somente a família era autorizada a ver Bolsonaro. Acrescentou que parlamentares estiveram no hospital e não puderam subir. Por fim, agradeceu a compreensão de todos.
Os boletins médicos também revelam o papel central de Michelle. Eles saem nas redes sociais da ex-primeira-dama minutos antes de serem enviados à lista de transmissão do hospital, indicando que o texto é lido previamente por Michelle.
A sintonia dela com Carlos chama a atenção. Ambos têm um histórico de conflitos. Em fevereiro, Bolsonaro revelou que o filho e a mulher não se falavam.
No mês seguinte, Michelle declarou que perdoara o enteado, mas não desejava que ambos convivessem. Ela acrescentou que a origem do distanciamento seria a reação negativa de Carlos no começo do relacionamento com Bolsonaro por causa da diferença de idade do casal, de 27 anos.
As diferenças deles foram deixadas de lado, mas stories no Instagram de Michelle chamou atenção para outro fato. Ela repostou um louvor e marcou todas as pessoas da família, com exceção do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ). O parlamentar não estava em Brasília no dia da cirurgia e chegaria à cidade ontem.
48 horas críticas
Michelle e Carlos trabalharam em dupla na fase mais complicada após a operação. As 48 horas iniciais foram descritas como "críticas" pelos médicos que fizeram a cirurgia, por causa do risco de uma série de complicações.
O primeiro deles é a chamada acomodação do intestino. Órgão bastante sensível, ele foi manipulado e é preciso ter certeza de reposicionamento com sucesso na cavidade abdominal. A volta ao funcionamento do intestino depende do êxito deste procedimento.
Existe ainda possibilidade de sangramentos, inflamações e infecção por bactérias. Para evitar estes riscos, Bolsonaro toma medicação e passa por uma série de exames. Alguns são repetidos todos os dias.
Vencida a fase mais crítica das primeiras 48 horas, é esperada uma evolução no quadro. O ex-presidente deve ser submetido a uma série de exames para atestar que a melhora se materializou.
Isto não significa um retorno rápido às atividades normais. Os médicos falam em até três meses para recuperação plena e retomada da rotina sem limitações. Além disso, afirmam que ainda não é possível ter uma previsão de alta médica.
Recuperação documentada
Desde a operação, foram quatro postagens no Instagram de Bolsonaro. O UOL apurou que os textos foram redigidos por Carlos, sem participação de Michelle.
A publicação mais impactante é desta terça. O ex-presidente surge num vídeo sem camisa, com meias de compressão, sonda no nariz e vários eletrodos colados no corpo. Bolsonaro caminha com auxílio de um andador e cercado pela equipe médica.
O vídeo teve 11 milhões de visualizações no Instagram em três horas. A caminhada é importante para preservar a saúde. Os pulmões precisam "trabalhar" para evitar trombose e pneumonia.
As legendas das fotos lembram a facada e têm contornos heroicos. A imagem de Bolsonaro inerte na cama depois de 12 horas de operação afirmava que ele se sente "com disposição e enorme vontade de voltar a andar e trabalhar".
Em breve estarei de volta, pronto para retomar minha missão de percorrer as cinco regiões do Brasil.
Postagem no Instagram de Jair Bolsonaro