Netanyahu volta a dizer à Macron que estabelecimento de Estado palestino seria 'recompensa para terrorismo'
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, disse a Emmanuel Macron em uma conversa telefônica nesta terça-feira (15) que o estabelecimento de um Estado palestino seria "uma enorme recompensa para o terrorismo", de acordo com seu gabinete.
Em uma mensagem na rede social X, o chefe de Estado francês disse que havia pedido ao seu interlocutor que reabrisse "a perspectiva de uma solução política de dois Estados". Nos últimos dias, Macron fez várias referências à possibilidade de a França reconhecer um Estado palestino em junho.
"Durante a conversa, o primeiro-ministro se opôs firmemente à criação de um Estado palestino, dizendo que seria uma enorme recompensa para o terrorismo", disse o gabinete de Netanyahu em um comunicado.
"O primeiro-ministro disse ao presidente francês que um Estado palestino estabelecido a poucos minutos das cidades israelenses se tornaria uma fortaleza para o terrorismo iraniano", adicionou o comunicado.
Ele também observou que "nenhuma entidade palestina" condenou o ataque sem precedentes do Hamas a Israel em 7 de outubro de 2023, que desencadeou a guerra que ainda está em andamento na Faixa de Gaza hoje.
Macron para Netanyahu: "o calvário" dos civis em Gaza "deve chegar ao fim"
"Um cessar-fogo, a libertação de todos os reféns, ajuda humanitária e, finalmente, a reabertura da perspectiva de uma solução política de dois Estados", escreveu Macron, listando as prioridades da França no X.
Em um dos trechos, o líder francês escreveu que "o calvário" dos civis em Gaza deve "chegar ao fim", pedindo um cessar-fogo que permita a libertação dos reféns do Hamas e a "abertura de todas as passagens de ajuda humanitária".
Conferência da ONU em junho
"É nesse contexto que eu imagino a conferência de junho" que a França co-presidirá na ONU com a Arábia Saudita, "levando em conta os interesses de segurança de Israel e de todos na região", acrescentou.
Essa conferência deve "desencadear uma série de reconhecimentos" de um Estado palestino, principalmente pela França, bem como do Estado de Israel por vários países árabes, a fim de iniciar um processo de paz na região, explicou ele na segunda-feira (14).
A posição de Macron a favor do reconhecimento de um Estado palestino lhe rendeu duras críticas de uma parte da classe política francesa e de Israel. Na segunda-feira, ele também conversou por telefone com o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas.
Cerca de 150 países reconhecem o Estado palestino. Em maio de 2024, Irlanda, Noruega e Espanha integraram o grupo, seguidos pela Eslovênia em junho. No entanto, a solução de dois Estados ainda é rejeitada por Benjamin Netanyahu.
(com AFP)