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Hamas diz estar disposto a libertar todos os reféns em troca do fim da guerra em Gaza

14/04/2025 09h41

Um alto dirigente do Hamas afirmou nesta segunda-feira (14) que o grupo, que dirige o enclave palestino, está disposto a libertar todos os reféns israelenses em troca de garantias de que Israel encerrará a guerra na Faixa de Gaza. A declaração foi feita após uma delegação do Hamas visitar o Cairo no fim de semana para participar de negociações com autoridades do Egito e do Catar ? que, ao lado dos Estados Unidos, atuam como mediadores em busca de uma nova trégua no território palestino.

 

"Estamos prontos para libertar todos os reféns israelenses como parte de um acordo real de troca de prisioneiros, e em troca do fim da guerra, da retirada das forças israelenses de Gaza e da entrada de ajuda humanitária", disse Taher al-Nounou, dirigente do grupo islâmico.

No entanto, ele acusou Israel de bloquear os avanços rumo a um cessar-fogo. "O problema não está no número de reféns a serem libertados", afirmou. "A questão é que Israel retrocede em seus compromissos, impede a implementação do acordo de cessar-fogo e continua a guerra. Por isso, o Hamas insiste na necessidade de garantias que forcem Israel a cumprir o acordo."

Segundo o site israelense Ynet, uma nova proposta foi apresentada ao Hamas. Ela prevê a libertação de dez reféns vivos em troca de garantias dos Estados Unidos de que Israel iniciará negociações para uma segunda fase do cessar-fogo.

Na primeira trégua, entre 19 de janeiro e 17 de março, 33 reféns foram libertados ? incluindo oito mortos ? em troca da liberação, por parte de Israel, de cerca de 1.800 prisioneiros palestinos.

Os esforços para restabelecer a trégua esbarram até o momento em divergências sobre o número de reféns a serem libertados.

Famílias de reféns rejeitam negociações em etapas

Em Israel, o Fórum das Famílias de Reféns ? principal grupo de pressão pela libertação dos israelenses mantidos em Gaza ? criticou a proposta de uma libertação em fases, classificando-a como "uma ideia perigosa".

"O Estado de Israel tem a obrigação de trazer todos de volta", afirmou o grupo em nota. "Exigimos uma solução necessária, viável e adequada: o fim da guerra e a libertação imediata de todos os reféns, de uma só vez."

Taher al-Nounou também declarou que o Hamas não aceitará entregar suas armas, uma exigência de Israel para encerrar o conflito. "As armas da resistência não estão em negociação", disse.

A guerra foi desencadeada após o ataque do Hamas ao sul de Israel em 7 de outubro de 2023, que matou 1.218 pessoas ? em sua maioria civis ?, segundo dados oficiais israelenses compilados pela AFP. Na ocasião, 251 pessoas foram sequestradas. Atualmente, 58 continuam em cativeiro, das quais 34 já estariam mortas, segundo o Exército de Israel.

Desde a retomada das operações militares em 18 de março, ao menos 1.574 palestinos foram mortos, elevando o total de mortes em Gaza para 50.944 desde o início da ofensiva israelense, há 18 meses, de acordo com o Ministério da Saúde do Hamas.

UE anuncia pacote de ajuda de € 1,6 bilhão a Gaza

Em meio à crise, a União Europeia anunciou nesta segunda-feira um pacote de € 1,6 bilhão em ajuda financeira para os palestinos até 2027, sendo mais da metade destinada ao fortalecimento da Autoridade Palestina, segundo a chefe da diplomacia europeia, Kaja Kallas.

"Estamos intensificando nosso apoio ao povo palestino. Esses recursos ajudarão a estabilizar a Cisjordânia e Gaza", declarou em publicação na rede social X.

Do total, € 620 milhões serão repassados diretamente ao orçamento da Autoridade Palestina, enquanto € 576 milhões serão destinados a projetos econômicos, a serem executados quando as condições permitirem. Outros € 400 milhões, em forma de empréstimos via Banco Europeu de Investimentos, completam o pacote.

A Comissão Europeia também pretende lançar uma plataforma para reunir doadores internacionais e ampliar o apoio à população palestina.

O objetivo, segundo os europeus, é reforçar a Autoridade Palestina como parte da solução de dois Estados ? posição defendida pelo bloco, mesmo diante da oposição do governo israelense.

O primeiro-ministro palestino, Mohammed Mustafa, se reúne ainda hoje com os ministros dos 27 países da União Europeia para discutir a situação no território e as reformas exigidas como condição para a liberação da ajuda.

"Queremos uma governança eficiente. Isso é essencial, pois precisamos saber como a Autoridade Palestina pretende administrar não só a Cisjordânia, mas também Gaza", disse Kallas, destacando que algumas reformas, sobretudo na área social, já estão em andamento.

Diversos chanceleres europeus também pediram o retorno ao cessar-fogo e a ampliação do acesso humanitário em Gaza.

"É necessário retomar o cessar-fogo, permitir a entrada irrestrita de ajuda humanitária e libertar os reféns do Hamas", afirmou o ministro das Relações Exteriores da França, Jean-Noël Barrot.

(Com AFP)

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