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Israel ameaça tomar setores de Gaza se Hamas não libertar reféns

26/03/2025 12h47

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, ameaçou nesta quarta-feira (26) tomar mais territórios na Faixa de Gaza se o Hamas não libertar os reféns, que correm risco, depois que Israel retomou sua ofensiva contra o território palestino, no último dia 18.

Em meio ao aborrecimento com o conflito, centenas de palestinos voltaram a se manifestar em Gaza contra o movimento islamita Hamas, que governa o território palestino desde 2007. "Não nos representa", dizia um dos cartazes carregados pelos manifestantes.

"Fora, fora, fora, fora Hamas!", repetiram os manifestantes, reunidos em torno de uma bandeira palestina. Um protesto semelhante ocorreu na véspera em Beit Lahia, no norte do território devastado pelo conflito.

Em Israel, Netanyahu comemorou os protestos e afirmou perante o Parlamento que "cada vez mais cidadãos de Gaza se dão conta de que o Hamas implica destruição e ruína".

"Tudo isto prova que nossa política funciona", argumentou o chefe de governo, que também enfrenta protestos maciços contra a retomada da ofensiva em Gaza e a destituição recente do chefe do Shin Bet, a agência de segurança interna israelense.

O Exército israelense retomou em 18 de março os bombardeios contra a Faixa de Gaza e também iniciou operações terrestres, após quase dois meses de trégua na guerra desencadeada pelo ataque do Hamas ao sul de Israel em 7 de outubro de 2023.

Desde então, pelo menos 830 palestinos morreram no território sitiado e devastado, segundo o Ministério da Saúde de Gaza, governada pelo Hamas.

Segundo a ONU, 142 mil palestinos foram deslocados na primeira semana pelas operações militares israelenses. Desde o início da guerra, quase todos os 2,4 milhões de habitantes de Gaza foram deslocados.

- 'Pressão maior' -

Autoridades israelenses afirmam que buscam com a nova campanha forçar o Hamas a libertar os últimos reféns, após um impasse nos diálogos para prosseguir com a trégua.

O cessar-fogo, que entrou em vigor em 19 de janeiro, permitiu que 25 reféns israelenses voltassem para suas casas e a repatriação dos cadáveres de oito cativos, em troca da libertação por Israel de cerca de 1.800 prisioneiros palestinos.

"Quanto mais o Hamas persistir em sua recusa a libertar nossos reféns, maior será a pressão que iremos exercer", declarou Benjamin Netanyahu no Parlamento. "Isso inclui a tomada de territórios, juntamente com outras medidas, sobre as quais não vou me estender aqui", assinalou.

O ministro israelense da Defesa, Israel Katz, alertou em vídeo que o Exército israelense vai lançar, em breve, operações de "força máxima" em "novas áreas de Gaza". "O Hamas coloca suas vidas em risco, fazendo com que percam suas casas e cada vez mais território", justificou.

O porta-voz do Exército israelense, Avichay Adraee, recomendou que os moradores evacuem vários bairros de Gaza e seus arredores. "As organizações terroristas estão voltando e lançando foguetes de áreas povoadas. Para a sua própria segurança, dirijam-se ao sul de Wadi Gaza, para refúgios conhecidos", publicou no X.

Dos 251 reféns sequestrados durante o ataque do Hamas a Israel, em 7 de outubro de 2023, que foi o estopim para a guerra, 58 continuam retidos em Gaza. Destes, 34 teriam morrido, segundo o Exército israelense.

- Retorno em caixões -

O Hamas alertou hoje que os últimos reféns podem morrer se Israel tentar libertá-los à força e continuar com seus bombardeios.

O movimento islamista assegurou que estava fazendo "tudo o possível" para mantê-los com vida, mas assinalou que "os bombardeios sionistas [israelenses] arbitrários estão colocando suas vidas em risco".

"Toda vez que a ocupação tenta recuperar seus [cidadãos] cativos à força, acaba trazendo-os de volta em caixões", acrescentou.

O ataque do Hamas contra Israel, em outubro de 2023, matou 1.218 pessoas, civis na maioria, segundo um balanço da AFP com base em dados oficiais.

Em resposta a este ataque, Israel lançou uma ofensiva aérea e terrestre contra o território, que matou 50.183 pessoas até agora, majoritariamente civis, segundo dados do Ministério da Saúde de Gaza, que a ONU considera confiáveis.

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© Agence France-Presse

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