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Israel realiza "extensos bombardeios" em Gaza, causando centenas de mortos, segundo a Defesa Civil

18/03/2025 06h30

A Defesa Civil da Faixa de Gaza anunciou, na terça-feira (18), um novo balanço de pelo menos 330 mortos nos bombardeios israelenses durante a madrugada, de uma magnitude sem precedentes desde o início da trégua, em 19 de janeiro. O general de divisão Mahmoud Abou Watfa, chefe do ministério do Interior da Faixa de Gaza, foi morto nesses bombardeios, conforme diversas fontes locais.

Foi às 2h20 da manhã desta terça-feira (18), horário local, que a trégua na Faixa de Gaza terminou, escreveu o correspondente da RFI em Jerusalém, Michel Paul. Embora o exército israelense não tenha dado detalhes sobre os bombardeios, os serviços do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, afirmaram que ele ordenou ao exército israelense que realizasse uma "ação forte" contra o Hamas.

Os bombardeios israelenses em toda a Faixa de Gaza ocorreram "após as recusas repetidas do Hamas em libertar nossos reféns, bem como as recusas a todas as propostas que recebeu do enviado especial americano Steve Witkoff e dos mediadores", disseram os serviços de Benjamin Netanyahu. "Israel agora agirá contra o Hamas com um poder militar aumentado", acrescentaram em um comunicado. Uma ofensiva que durará "o tempo que for necessário", disseram os israelenses.

Um porta-voz da Casa Branca afirmou logo depois, em entrevista à Fox News, que a administração do presidente americano, Donald Trump, foi consultada por Israel na segunda-feira (17) sobre esses bombardeios.

"Unilateralmente"

Um representante do alto escalão do Hamas acusou Israel de pôr fim "unilateralmente" ao acordo de cessar-fogo que entrou em vigor em 19 de janeiro e cuja primeira fase terminou em 2 de março. Os mediadores de países árabes não conseguiram avançar nas negociações entre o Estado de Israel e o grupo palestino desde o fim dessa primeira fase. A segunda fase do acordo deveria permitir a libertação dos últimos reféns detidos pelo Hamas em Gaza e resultar em uma cessação permanente das hostilidades.

O Hamas acusou Israel, na manhã de terça-feira, de retomar sua "agressão" contra os civis da Faixa de Gaza e de colocar em risco os reféns israelenses ainda detidos no enclave.

"Não vamos parar de lutar"

De acordo com a Defesa Civil, pelo menos 330 pessoas, incluindo crianças, foram mortas nesses bombardeios israelenses. Mais de 150 pessoas também ficaram feridas, enquanto mais de trinta bombardeios foram observados durante a noite. Além disso, o general de divisão Mahmoud Abou Watfa, à frente do ministério do Interior da Faixa de Gaza, foi morto nos bombardeios israelenses da madrugada, informou a AFP por meio de duas fontes do Hamas em Gaza.

Três casas foram atingidas em Deir el-Balah, no centro da Faixa de Gaza, relataram testemunhas e médicos. Um edifício também foi bombardeado na Cidade de Gaza, capital do território, enquanto bombardeios ocorreram em alvos situados em Khan Yunis e Rafah, no sul do enclave palestino. A aviação israelense é que está atacando, mas fontes militares indicam que a operação pode se expandir rapidamente. Nos últimos dias, Israel afirmava que o Hamas estava aproveitando a trégua para reconstituir suas forças no enclave palestino.

"Não vamos parar de lutar até que todos os reféns voltem para casa e todos os objetivos da guerra sejam alcançados", declarou o ministro da Defesa israelense, Israel Katz, em um comunicado. Entre esses objetivos está, além do retorno de todos os reféns (vivos ou mortos), a destruição do Hamas como força militar ou política na Faixa de Gaza.

Crise política em Israel

Em poucos meses, Benjamin Netanyahu destituiu o ministro da Defesa, substituiu o chefe do Estado-Maior do exército e agora ataca o chefe dos serviços de inteligência internos, o Shin Bet. "No papel, isso não é ilegal", observa Claude Klein. Mas para o professor de direito da Universidade Hebraica de Jerusalém, resta saber as verdadeiras motivações do primeiro-ministro. "O que importa para Netanyahu é permanecer no poder", afirma. "A questão é saber se não há um conflito de interesse, que poderia causar uma verdadeira crise constitucional."

Benjamin Netanyahu afastou Ronen Bar, o chefe dos serviços de inteligência internos, após um relatório publicado pelo Shin Bet sobre as falhas de segurança de 7 de outubro. Esse relatório aponta claramente a responsabilidade de Netanyahu. Foi ele quem quis e facilitou o financiamento do Hamas pelo Catar, desde 2018. E o relatório vai mais longe: alguns dos colaboradores próximos do primeiro-ministro são acusados de terem recebido dinheiro do Catar para promover a monarquia do Golfo.

"Os conselheiros mais próximos do primeiro-ministro estão envolvidos. E o que todos dizem aqui é que não é possível que o primeiro-ministro não soubesse. Então, é aí que está o cerne da questão", aponta o professor. Em Israel, Benyamin Netanyahu está sendo processado por corrupção, fraude e abuso de confiança. O primeiro-ministro israelense é procurado pela Justiça Internacional por crimes de guerra e crimes contra a humanidade.

(RFI com agências)

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