Indiciado por ligação com crime organizado, fundador do Telegram consegue deixar a França
O fundador do Telegram, Pavel Durov, acusado em Paris por cumplicidade em atividades criminosas, deixou a França neste sábado (15). Segundo fontes próximas do caso, após vários pedidos feitos às autoridades ele conseguiu uma autorização judicial para sair do país temporariamente e segue para Dubai.
O juiz de instrução aceitou há vários dias o pedido de modificação das condições de controle judicial e autorizou que o executivo deixe a França por algumas semanas. Durov sai da França esta manhã "com autorização das autoridades", confirmou outra fonte próxima ao caso. O empresário, que tem várias nacionalidades (francesa, russa e dos Emirados Árabes Unidos), embarcou para Dubai, onde fica a sede de sua empresa.
Um porta-voz do Telegram se negou a comentar as informações. Seus advogados, do escritório Kaminski e Darrois, também não responderam aos pedidos de confirmação da informação.
O ano de 2024 foi marcado pela detenção de Durov e seu indiciamento no final de agosto por dois juízes franceses por uma série de delitos relacionados ao crime organizado. O empresário foi acusado principalmente de não atuar contra a divulgação de conteúdos criminosos na plataforma de mensagens.
Após o indiciamento, Durov foi libertado sob controle judicial estrito. Além de ter que pagar uma fiança de € 5 milhões de euros, ele tinha que comparecer a uma delegacia duas vezes por semana e estava proibido de deixar o território francês.
Quando foi indiciado, Durov chegou a culpar as autoridades francesas, alegando que houve uma falha e que esteve sempre "disponível e pronto para responder a todos os pedidos" do governo do país. "Fiz o meu melhor" para responder "à altura", disse o bilionário de 40 anos.
Mas em dezembro, no seu primeiro interrogatório, ele mudou o tom e declarou que "tinha conhecimento da gravidade de todos estes fatos". Durov recusou a ideia de ter fundado o Telegram em 2013 com o seu irmão para encobrir criminosos, mas admitiu que a presença deles, "uma fração mínima", teria aumentado.
Na época, os juízes detalharam cerca de quinze grupos dedicados a crimes de pedofilia, drogas, fraude, venda de armas e uso de seguranças particulares, alguns dos quais estavam bem estabelecidos no Telegram, que tinha cerca de 950 milhões de usuários em todo o mundo. "Estamos comprometidos em aprimorar nossos processos de moderação", prometeu Durov.
(Com AFP)