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Mulher buscou outras grávidas antes de matar adolescente: 'Vi oportunidade'

Nataly Hellen Martins, 25, fingiu estar grávida e fez até chá de revelação do sexo do bebê - Reprodução
Nataly Hellen Martins, 25, fingiu estar grávida e fez até chá de revelação do sexo do bebê Imagem: Reprodução
do UOL

Do UOL, em São Paulo

15/03/2025 05h30Atualizada em 17/03/2025 11h10

Nataly Hellen Martins, 25, presa por suspeita de matar uma adolescente para roubar o bebê dela em Cuiabá, confessou o crime à polícia e disse que viu uma "oportunidade" de ter mais um filho quando conheceu a vítima, Emilly Beatriz de Azevedo Sena, 16.

O que aconteceu

Confissão feita à polícia foi gravada e mostra Hellen detalhando o assassinato. No vídeo, ela explica que conheceu a adolescente em um grupo de gestantes e a atraiu informando que doaria roupas de bebê para ela.

Segundo a autora do crime, ela estava grávida e perdeu um bebê há seis meses, mas não contou aos familiares. "Não falei para ninguém, mas, na verdade parecia [que estava grávida], porque minha barriga cresceu, meus seios tinham leite, era como se eu estivesse [grávida], mas fiz o exame e eu não estava", disse.

Os relatos da gravidez falsa também eram compartilhados por Hellen nas redes sociais. Em um dos vídeos, ela dizia ter engravidado após fazer uma laqueadura, sem detalhar o caso. Em outro, ela publicou imagens do chá de revelação em que o resultado era "menina". Segundo o advogado Icaro Vione de Paulo, "a notícia do suposto nascimento foi recebida com muita alegria" pela família.

Antes de conhecer Emilly, Hellen procurou outras mulheres grávidas para tentar conseguir um bebê. "Eu estava procurando na rua, em casas de abrigo, pessoas que não queriam ter neném porque eu queria ser mãe novamente e eu não posso. Só que eu não achei, e tive essa oportunidade infeliz", afirmou a mulher.

"Falei que ia cuidar da neném". Hellen também disse que acordou a adolescente após dar um mata-leão que a deixou desmaiada, e pediu desculpas. "Ela acordou e eu pedi desculpas, falei que ia cuidar da neném, aí eu enforquei ela com o fio", disse.

No depoimento, a mulher detalhou como matou a vítima. Segundo Hellen, ela asfixiou a adolescente com um fio após imobilizá-la. A perícia policial mostrou, porém, que a causa da morte foi o corte abdominal sofrido por Emilly. Hellen também disse que pensou em desistir do crime enquanto conversava com a adolescente, mas que a situação "foi virando uma bola de neve".

Depois que eu tinha cavado o buraco, que ela chegou, sentou e conversou comigo eu já não queria mais fazer [o crime]. Só que ela já estava lá, o 'trem' já estava lá, eu ia falar o que depois? Foi virando uma bola de neve.
Trecho de depoimento de Nataly Hellen Martins à polícia

Emilly foi morta e teve a bebê arrancada da barriga - Reprodução de redes sociais - Reprodução de redes sociais
Emilly foi morta e teve a bebê arrancada da barriga
Imagem: Reprodução de redes sociais

Adolescente estava viva quando teve o abdômen aberto, diz legista

Necropsia da vítima mostrou que ela teve mãos e pés amarrados, além de ter a barriga aberta por um instrumento cortante. Segundo Alessandra Mariano, diretora da Perícia Oficial e Identificação Técnica de MT, adolescente também teve lesões no pescoço, o que corrobora com a versão da autora do crime, que disse que usou um fio para enforcar Emilly.

Causa da morte da adolescente foi choque hemorrágico devido ao corte para retirada da bebê. Segundo a diretora, o corte feito na cavidade abdominal não demonstrava um "padrão técnico" semelhante ao de uma cesariana, mas era "amplo e de tamanho significativo".

Mulher disse que agiu sozinha e marido não sabia do ocorrido, diz defesa

Cristian, marido de Hellen, estava trabalhando no momento em que a adolescente foi morta, segundo a defesa. Ao UOL, o advogado da família, Icaro Vione de Paulo, informou que o primeiro encontro do casal aconteceu somente no hospital, antes de a dupla ser levada até a delegacia.

Família acreditava que Hellen estava grávida. A mulher fazia publicações nas redes sociais mostrando o desenvolvimento da suposta gravidez e fez até mesmo um chá revelação. Segundo o advogado, a família "aguardava ansiosamente o nascimento da criança".

Com base nos elementos probatórios colhidos até o presente momento, é possível afirmar que Nataly [Hellen Martins] teria praticado o crime de forma premeditada, além de tê-lo orquestrado e executado sozinha, sem a participação de terceiros.
Icaro Vione de Paulo, ao UOL

Relembre o caso

Hellen foi presa após ir até o hospital com uma recém-nascida e levantar suspeitas da equipe médica. Ela alegou que deu à luz a criança, mas não apresentava sinais de que tivesse passado por uma gravidez recente.

A polícia desconfiou que a recém-nascida tivesse relação com adolescente, que desapareceu no mesmo dia em que Hellen foi ao hospital. A que morava em Várzea Grande, sumiu após ir até Cuiabá buscar doações de roupas para a bebê na tarde de quarta-feira.

O corpo de Emilly foi encontrado em uma cova rasa no quintal da casa do irmão da suspeita. Ela estava amarrada, tinha sinais de estrangulamento e a barriga cortada, segundo o delegado responsável pelo caso, Caio Albuquerque.

Casal foi preso em flagrante por suspeita de homicídio qualificado e ocultação de cadáver, mas Cristian foi liberado após Hellen afirmar em depoimento que agiu sozinha. Outras duas pessoas também foram detidas e liberadas em seguida, mas a polícia investiga se mais pessoas ajudaram a mulher a cometer o crime. Hellen teve a prisão convertida em preventiva.

À polícia, Hellen disse que sofreu abortos, mas os escondeu da família porque tinha o sonho de ser mãe novamente. Ela também afirmou que cavou o buraco para enterrar o corpo de Emilly antes da chegada da adolescente no local.

Recém-nascida está no hospital e passa bem. Não há informação sobre o que acontecerá com a criança.

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