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Merz diz que "o mundo está assistindo" em pedido de apoio à reforma fiscal na Alemanha

13/03/2025 11h35

Por Sarah Marsh e Thomas Escritt e Matthias Williams

BERLIM (Reuters) - O provável próximo chanceler da Alemanha, Friedrich Merz, pediu a parlamentares nesta quinta-feira que apoiem suas propostas para um aumento maciço nos empréstimos estatais, enquadrando-as como um teste para que o país se mantenha firme no cenário internacional e proteja a segurança europeia.

Merz está em uma corrida contra o tempo para persuadir o atual Parlamento a aprovar um fundo de 500 bilhões de euros para infraestrutura e mudanças radicais nas regras fiscais a fim de impulsionar o crescimento e aumentar os gastos militares na maior economia da Europa.

O líder conservador tem se expressado com tom de urgência sobre o aumento dos gastos com defesa. Depois de vencer a eleição federal de 23 de fevereiro, ele disse que faltavam "cinco minutos para a meia-noite" na Europa, alertando que uma Rússia hostil e um Estados Unidos não confiável podem deixar o continente exposto.

Merz quer garantir os fundos antes que um novo Parlamento tome posse em 25 de março, onde eles correm o risco de serem bloqueados por um contingente maior de parlamentares de extrema-direita e de extrema-esquerda.

Reconhecendo que seus planos podem fracassar, Merz disse aos parlamentares que a credibilidade da Alemanha está em jogo.

"O mundo inteiro está assistindo à Alemanha nestes dias e semanas. Temos uma tarefa... que vai muito além das fronteiras de nosso próprio país e do bem-estar de nosso próprio povo", disse ele.

"Precisamos estar à altura dessa responsabilidade."

A perspectiva de uma grande mudança nos gastos em um país mais conhecido por sua frugalidade tem movimentado os mercados desde a semana passada, ajudando a elevar o euro a máximas de cinco meses em relação ao dólar.

Mas o pacote está longe de ser aprovado, com o bloco conservador de Merz e seu provável futuro parceiro de coalizão, o Partido Social-Democrata (SPD), precisando conquistar o apoio do Partido Verde para garantir a maioria de dois terços necessária para alterar a Constituição.

Os planos também podem ser rechaçados pelo Tribunal Constitucional, que pode emitir seu veredicto já nesta quinta-feira sobre as contestações apresentadas pelo partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD) e pelo partido de extrema-esquerda Esquerda.

O Partido Verde tem se recusado a apoiar as propostas de Merz em sua forma atual e, nesta quinta-feira, seus líderes e os de outros partidos o atacaram.

O partido acusa Merz de desonestidade por usar a ameaça à segurança da Europa como justificativa para financiar políticas que agradam sua própria base eleitoral, como cortes de impostos, enquanto negligencia questões como o combate às mudanças climáticas e à pobreza.

"O senhor nunca foi capaz de colocar os interesses deste país em primeiro lugar e não os seus próprios", disse a co-líder parlamentar do Partido Verde, Katharina Droege, a Merz.

Merz, visivelmente frustrado, disse que havia tentado abordar as preocupações do partido ao ampliar o escopo dos gastos de defesa para incluir a defesa civil e inteligência.

"O que mais vocês querem de nós em tão pouco tempo?", disse ele.

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