Gordão da XJ eliminou 73 kg; emagrecer para fazer bariátrica não é a regra
O influenciador Gordão da XJ, 20, perdeu 73 kg em menos de um ano para fazer a cirurgia bariátrica. A reeducação começou como um desafio dos seus amigos, impulsionado por prêmios de luxo como um Porsche e uma casa com piscina e churrasqueira.
Ele está com 280,7 kg e quer chegar aos 250 kg. Sua equipe médica orientou que o influenciador eliminasse 60 kg antes do procedimento. Além da dieta, ele usa remédios manipulados e Ozempic.
Por que alguns pacientes emagrecem antes da bariátrica?
Perder peso antes da bariátrica é uma exceção, explica o cirurgião Ricardo Cohen, coordenador do Centro Especializado em Obesidade e Diabetes do Hospital Alemão Oswaldo Cruz (SP) e presidente mundial da IFSO (Federação Internacional de Cirurgia da Obesidade e Distúrbios Metabólicos).
A indicação é reservada para situações que facilitem a cirurgia, como complicações diagnosticadas em exames. É o caso, por exemplo, de pessoas com fígado aumentado devido ao acúmulo de gordura. "Essas pessoas, com uma semana, 10 dias de dieta hipocalórica, já apresentam um quadro melhor no órgão. Mas medidas assim são, normalmente, de exceção", diz Cohen. O especialista explica que, em geral, o paciente indicado para a bariátrica já faz direto o procedimento.
Na Federação Internacional de Cirurgia da Obesidade e Distúrbios Metabólicos, publicamos no final de 2024 um consenso mostrando não haver dados científicos que indiquem que indivíduos com obesidade extrema que recebem medicação pré-operatória [para emagrecer] têm melhores desfechos na cirurgia, na redução do peso e em complicações associadas à obesidade.
Ricardo Cohen, cirurgião
Quem pode fazer a cirurgia bariátrica?
Pessoas que não têm sucesso com as medicações —sejam as tradicionais ou as mais recentes, como a semaglutida (Ozempic e Wegovy) e tirzepatida (Mounjaro). A cirurgia bariátrica também é uma opção para quem tem muito efeito colateral com os medicamentos ou quer uma decisão fisiológica definitiva para tratar a obesidade.
Pessoas com obesidade extrema, sobretudo com complicações do quadro, têm a cirurgia como a primeira opção. Em geral, são pacientes que já convivem há muito tempo com a doença e não tiveram acesso e/ou sucesso no tratamento, segundo Cohen. É comum terem comorbidades associadas, como hipertensão e diabetes, além de prejuízos à qualidade de vida, incluindo dificuldades para se locomover.
Não é só o peso que define a obesidade
Cientistas reuniram 18 pontos que indicam a obesidade clinica para além do popular IMC (Índice de Massa Corpórea). Publicado em janeiro, o trabalho levou três anos e foi feito por uma comissão de 58 especialistas do mundo inteiro, incluindo o cirurgião Ricardo Cohen. "As definições de obesidade mudaram. A gente não está atrás somente do peso", diz ele. Os sinais e sintomas descritos são:
- Dores de cabeça recorrentes e perda de visão: às vezes, têm a ver com a pressão intracraniana aumentada.
- Apneia do sono: Quando você se deita e dorme, a gordura em excesso no abdome e na garganta faz o ar encontrar resistência para passar. A respiração sofre breves (e ruidosas) interrupções.
- Falta de ar: mostra que os pulmões e o músculo da respiração, o diafragma, têm dificuldade para se expandir.
- Insuficiência cardíaca de fração reduzida: o coração não se contrai direito para bombear o sangue.
- Fadiga e inchaço nas pernas: podem indicar outro tipo de insuficiência cardíaca, a de fração preservada. Nela, o coração não relaxa direito. O bombeamento do sangue também fica prejudicado.
- Palpitações e ritmo cardíaco irregular: sinais de arritmias.
- Hipertensão pulmonar: surge quando sobe demais a pressão da artéria que leva o sangue do coração até os pulmões para ser oxigenado.
- Trombose venosa: quando surgem coágulos nas veias das pernas.
- Hipertensão: pressão sanguínea acima dos valores saudáveis.
- Alterações metabólicas: quando o exame de sangue acusa aumento do colesterol LDL ou dos triglicérides ou, ainda, dos níveis de glicose, por exemplo.
- Doença hepática gordurosa: exames de imagem encontram gordura infiltrada no fígado, o que é capaz de inflamá-lo.
- Excesso da proteína albumina na urina: este é um dos sintomas de rins que não estão funcionando bem.
- Escapes de xixi: episódios de incontinência urinária se tornam frequentes.
- Menstruação irregular, falta de ovulação e síndrome dos ovários policísticos: são sinais de problemas reprodutivos em mulheres.
- Deficiência de testosterona nos homens e baixa produção de espermatozoides: indicam problemas reprodutivos no público masculino.
- Dores nos joelhos e/ou na bacia: acusam problemas articulares.
- Linfedema: causa inchaços e dores crônicas.
- Limitações em atividades básicas do dia a dia: se a falta de mobilidade dificulta tarefas como tomar banho, vestir-se e outras.