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Peixão expulsou empresa de internet para colocar provedora 'própria' no Rio

Suspeito de operar o provedor clandestino para Peixão foi preso - Divulgação/PCRJ
Suspeito de operar o provedor clandestino para Peixão foi preso Imagem: Divulgação/PCRJ
do UOL

Colaboração para o UOL, em São Paulo

12/03/2025 10h24

O traficante Álvaro Malaquias Santa Rosa, conhecido como Peixão, teria interrompido o funcionamento de uma provedora de internet na Penha, zona norte do Rio, área de atuação do TCP (Terceiro Comando Puro), para favorecer um provedor clandestino, que funcionava sob seu comando.

O que aconteceu

Provedor que funcionava regularmente e atendia moradores do Brás de Pina deixou de funcionar em agosto de 2024. Na ocasião, quando os usuários do serviço ligaram para questionar o que havia acontecido, foram informados que por razões "de força maior", a empresa não vai "continuar a prestação do serviço de internet em sua localidade".

A razão de "força maior" era a segurança pública, ou melhor, a proibição de Peixão para que o serviço operasse no local. As informações foram confirmadas pelo UOL junto às autoridades do Rio.

No lugar da antiga provedora, quem passou a fornecer internet aos moradores foi uma empresa chamada RDO Telecom. Ontem, a Delegacia de Defesa dos Serviços Delegados fechou a empresa, que, segundo a Polícia Civil do Rio, operava de forma clandestina e sob o comando de Peixão. Fechamento da RDO aconteceu no mesmo âmbito da operação que demoliu resort de luxo do traficante na comunidade Parada de Lucas, também na zona norte.

Provedor clandestino resultava em lucros milionários para o Terceiro Comando Puro. Conforme as autoridades, esse dinheiro era usado pelos criminosos para sustentar a organização criminosa e a guerra por expansão territorial contra outras facções do Rio.

Polícia apreendeu equipamentos furtados pelos criminosos para o fornecimento do serviço clandestino. O homem apontado como dono da RDO, que não teve a identidade divulgada, foi preso em flagrante por receptação qualificada. O UOL não conseguiu contato com ele ou com a sua defesa, mas o espaço fica aberto para manifestações.

Demolição de resort

Resort de luxo do traficante ocupava área de proteção ambiental. O imóvel ficava localizado na comunidade Parada de Lucas, no Complexo de Israel, área de atuação da organização criminosa na zona norte do Rio. O empreendimento foi construído com dinheiro ilícito e era uma espécie de área de lazer para Peixão, com academia, sauna e até um lago artificial.

Carpas mantidas no local foram resgatados pelos agentes. Os animais serão levados para um criadouro que fica em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense.

Máquinas da PMRJ foram utilizadas para demolir o resort. Imagens e vídeos divulgados pelas autoridades mostram os empreendimentos sendo demolidos e equipamentos de ginástica, recuperados pelos agentes. Os aparelhos serão levados para a Cidade da Polícia e usados para o treinamento de policiais, informou a PCRJ.

Estrela de Davi, símbolo da facção, também foi demolida. Peixão é evangélico e um ferrenho seguidor de Israel. Ele costuma usar referências bíblicas nas áreas dominadas pelo TCP. Entre os objetos recuperados pelos policiais hoje estão bíblias e outros símbolos religiosos.

Pelo menos três suspeitos foram presos. Um dos detidos é um homem que estava foragido da Justiça do Rio, outro foi flagrado com moto roubada, e um terceiro estava de posse de um rádio e coquetel molotov. Peixão, que possui mais de 20 mandados de prisão em aberto, não foi localizado.

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