Topo
Notícias

Vídeo de Paes e Barroso no Carnaval é de 2024

12.mar.2025 - Paes e Barroso se encontraram na Sapucaí em 2024, não em 2025 - Arte/UOL sobre Reprodução/Instagram
12.mar.2025 - Paes e Barroso se encontraram na Sapucaí em 2024, não em 2025 Imagem: Arte/UOL sobre Reprodução/Instagram
do UOL

Ricardo Espina

Colaboração para o UOL

12/03/2025 12h33

Um vídeo de 2024 que mostra um encontro entre o ministro Luís Roberto Barroso, presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), e o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), durante o Carnaval voltou a circular como se fosse deste ano.

Além disso, as publicações questionam a proximidade entre os dois afirmando que Barroso julgará Paes na corte. Mas não é possível fazer tal afirmação, uma vez que não há indicação de que o prefeito será julgado no STF.

O UOL Confere considera distorcido os conteúdos que usam informações verdadeiras em contexto diferente do original, alterando seu significado de modo a enganar e confundir quem os recebe.

O pedido de checagem foi enviado ao UOL Confere pelo WhatsApp (11) 97684-6049.

O que diz o post

A publicação traz a seguinte frase atribuída ao presidente Lula (PT): "Poder Judiciário não vale nada. O que vale são as relações entre as pessoas".

Abaixo, há um vídeo que mostra Barroso conversando com Paes durante desfile de escolas de samba na Marquês de Sapucaí. Não há qualquer indicação do ano em que a gravação foi feita.

"Ministro barroso julgará o Eduardo Paes... Depois de pular carnaval juntos", diz a mensagem que completa o post, publicado na última sexta-feira.

Por que é distorcido

Vídeo do encontro é de 2024. Por meio de uma busca reversa, verifica-se que as imagens foram gravadas durante o Carnaval de 2024, e não no de 2025. Barroso esteve no Sambódromo do Rio, na Marquês de Sapucaí, e assistiu ao desfile das escolas de samba. O presidente do STF ficou na pista e, durante o evento, conversou com Paes (aqui, aqui e abaixo).

Sistema do STF mostra Paes como requerente em ação. O UOL Confere pesquisou no site do STF por possíveis processos envolvendo o prefeito na corte e há apenas um caso público ainda tramitando, mas Paes aparece como requerente, ou seja, ele não é investigado na ação (aqui). O UOL Confere questionou o STF sobre em quais processos Paes é investigado, mas não obteve resposta.

Paes é investigado por supostas doações ilegais em campanha de 2014. Porém, já foi noticiado que o prefeito é investigado em pelo menos um inquérito no Supremo, com o envolvimento do deputado federal Pedro Paulo (PSD-RJ). O processo é sigiloso, com isso, não é possível obter muitas informações sobre ele (aqui). A investigação, iniciada em 2017, refere-se a supostas doações ilegais feitas durante a campanha eleitoral de 2014 e se baseou em delações premiadas de ex-executivos da empreiteira Odebrecht (atual Novonor). Em março de 2024, o ministro do STF André Mendonça negou um pedido da defesa de Paes para que o inquérito fosse arquivado (aqui e aqui). Desde então, é possível ver que houve movimentações no processo, mas não o conteúdo delas.

STF enviou outro processo contra Paes para a Justiça Eleitoral. Em julho de 2024, a segunda turma do Supremo anulou as decisões do juiz Marcelo Bretas, ex-titular da 7ª Vara Federal Criminal do Rio, no processo em que o prefeito é acusado de corrupção passiva e de caixa dois nas eleições municipais de 2012 (aqui e aqui).

Não é possível afirmar que Barroso vá julgar Paes. Mesmo que o inquérito que tem o prefeito como investigado avance, não é possível afirmar que o ministro participará de um eventual julgamento. Casos como esse têm sido decididos nas turmas do STF, e não no plenário. Como atual presidente do Supremo, Barroso não faz parte de nenhuma das duas turmas. André Mendonça, relator do caso, faz parte da segunda turma, composta também pelos ministros Edson Fachin, Gilmar Mendes, Dias Toffoli e Nunes Marques (aqui).

Paes e Barroso não se manifestaram. O UOL Confere entrou em contato com as assessorias do presidente do STF e do prefeito do Rio, mas não obteve retorno. O texto será atualizado caso haja uma resposta.

Viralização. Uma publicação no Instagram tinha quase 8.000 curtidas até a tarde de hoje.

Sugestões de checagens podem ser enviadas para o WhatsApp (11) 97684-6049 ou para o email uolconfere@uol.com.br.

Siga também o canal do UOL Confere no WhatsApp. Lá você receberá diariamente as checagens feitas pela nossa equipe. Para começar a seguir, basta clicar aqui e ser redirecionado.

5 dicas para você não cair em fake news

Notícias