'Sugador em piscina puxou meu cabelo com força e me prendeu embaixo d'água'
A empresária Flaviane Dias Cumerlato, 33, sofreu uma fratura na cervical e precisou passar por cirurgia após ter o cabelo sugado pela bomba de uma piscina. O caso ocorreu enquanto ela tirava alguns dias de descanso com a família em uma casa de aluguel, em Capão da Canoa, no litoral do Rio Grande do Sul.
Eu fiquei em choque, não conseguia acreditar que um dia de férias e lazer com minha família, em um minuto, se transformaria no maior pesadelo da minha vida.
Flaviane Dias Cumerlato
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A empresária, que mora em Canela (RS), conta que alugou uma casa de temporada para curtir alguns dias na praia com o marido e os quatro filhos.
A família chegou ao local no dia 31 de janeiro. No dia seguinte, passaram a maior parte do tempo na praia e, quando retornaram ao imóvel, por volta das 19 horas, decidiram entrar na piscina aproveitando que o dia estava muito quente.
Poucos minutos depois, o marido e os filhos da empresária saíram da piscina, enquanto a mulher permaneceu na água. Antes de sair, Flaviane não queria mergulhar e inclinou a cabeça para trás para molhar o cabelo. Foi nesse momento que os fios ficaram presos em um sugador na parede da piscina.
"No momento em que entramos na piscina, não havia nada ligado. Depois que meu marido e meus filhos saíram da água, eu fiquei sozinha por alguns minutos e não percebi que a bomba ligou sozinha. Acredito que existia um temporizador nela", conta.
Quando virei o pescoço para trás para molhar o cabelo e sair, fui puxada com uma força surreal pelo sugador. Ele puxou todo o meu cabelo e me prendeu na lateral da piscina embaixo d'água. Me desesperei, pois estava sozinha e ninguém me veria afogando, então tentei com toda a minha força puxar o cabelo. Quando ele saiu um pouco, consegui colocar a boca por segundos para fora e gritar por socorro.
Flaviane Dias Cumerlato
O marido da empresária então percebeu que a mulher não retornava à superfície e viu que algo de errado estava acontecendo. Ele pulou na água e conseguiu desenroscar o cabelo da empresária.
"Ele não sabia onde desligava a bomba, no desespero só conseguiu me agarrar e me tirar dali", diz a empresária.
'Dor insuportável'
No momento em que foi retirada da água, Flaviane conta que não conseguia mexer o corpo. O Samu foi chamado e ela foi levada para o hospital de Capão da Canoa, já imobilizada. "Eu sentia uma dor insuportável na coluna."
No hospital, exames apontaram uma fratura nas vértebras da cervical. "Fizeram uma tomografia que constatou a cervical quebrada no C6 e C7 [vértebras localizadas na parte inferior do pescoço]."
Segundo Flaviane, os médicos informaram que seria necessária uma cirurgia para estabilizar a vértebra e que havia risco de ela ficar tetraplégica devido à proximidade da lesão com a medula espinhal.
'Voltei a mexer o braço'
Devido à gravidade do caso, a empresária foi transferida para Porto Alegre, onde passou por exames mais detalhados. A cirurgia foi realizada no dia 7 de fevereiro. No procedimento, foram colocados pinos para corrigir a lesão e correu tudo bem. A empresária conseguiu recuperar os movimentos e recebeu alta quatro dias depois.
"Voltei a mexer o braço logo que acordei da cirurgia e foi emocionante saber que não perderia os movimentos. Porém, ainda não tenho sensibilidade nos dedos da mão direita, mas acreditamos que, com muita fisioterapia e tempo, voltarei a sentir."
Hoje, a empresária está em processo de recuperação, tem o movimento do pescoço limitado e faz sessões de fisioterapia duas vezes por semana. Além disso, precisa fazer repouso por mais um mês.
Eu só lutava para viver e não deixar meus filhos sem uma mãe. Pensar neles foi o que me deu forças para suportar tanta dor. E ter saído com vida de um acidente que poderia ter sido fatal me deu forças para levar meu relato adiante e alertar outras pessoas.
Flaviane Dias Cumerlato
Cuidados em piscinas
A solução para evitar este tipo de acidente é o ralo antiaprisionamento. Com ele, partes do corpo ou cabelo das pessoas não são succionados. Uma lei federal de 2022 torna obrigatório o uso de dispositivos de segurança para evitar a sucção de partes do corpo humano em piscinas.