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Rússia e EUA na mesa: em que pé está o fim da guerra na Ucrânia?

18.fev.2025 - O Ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, e o Secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, durante encontro na Arábia Saudita - SPA / AFP
18.fev.2025 - O Ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, e o Secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, durante encontro na Arábia Saudita Imagem: SPA / AFP
do UOL

Colaboração para o UOL, de Belo Horizonte*

18/02/2025 15h41

Representantes dos EUA e da Rússia se encontraram nesta terça-feira (18) em Riad, na Arábia Saudita, para tratarem sobre um possível fim para a guerra entre Rússia e Ucrânia, que começou em 2022. Ucranianos e europeus não foram convidados para a conversa, o que desagradou ambas as partes.

O que aconteceu

"Hoje é o primeiro passo de uma jornada longa e difícil, mas importante", afirmou Marco Rubio, secretário de Estado dos EUA, após o encontro. A reunião durou quatro horas e meia. Foi a primeira negociação desse tipo entre russos e americanos desde o começo da guerra.

Rubio disse estar "convencido" de que a Rússia queria se envolver em um "processo sério" para acabar com a guerra. Ele enfatizou, no entanto, que um acordo sobre a Ucrânia deve ser "aceitável" para todos. "Deve ser um fim permanente para a guerra, não um fim temporário, como vimos no passado", disse Rubio a jornalistas após o encontro.

O secretário também admitiu que a presença da Europa e da Ucrânia é essencial nas negociações. Sem a Europa, um levantamento unilateral por Washington das sanções econômicas contra a Rússia seria dificilmente possível. "Há outras partes que têm sanções (contra a Rússia), a União Europeia terá que estar na mesa em algum momento".

O porta-voz do governo russo, Dmitry Peskov, afirmou que o presidente Vladimir Putin, está pronto, "se necessário", a negociar com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky. "O presidente Putin tem repetido suas palavras sobre sua disposição para as negociações de paz desde o início. O principal para nós é atingir nossos objetivos. E, é claro, preferimos meios pacíficos para atingir nossos objetivos".

Após a reunião, EUA e Rússia decidiram nomear equipes "de alto nível" para negociar o fim do conflito na Ucrânia. Os chefes da diplomacia de ambos os países concordaram em "nomear suas respectivas equipes de alto nível para começar a trabalhar em uma via para colocar fim ao conflito na Ucrânia o mais rápido possível de uma forma duradora, sustentável e aceitável para todas as partes", disse a porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Tammy Bruce.

Zelensky adia visita à Arábia Saudita

Na Turquia, o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky voltou a pedir negociações "justas". "Ucrânia, a Europa em um sentido amplo - isto inclui União Europeia, Turquia e Reino Unido - deveriam participar das negociações e da elaboração das garantias de segurança necessárias com Estados Unidos sobre o destino de nossa parte do mundo", declarou.

Zelensky embarcaria para a Arábia Saudita nesta quarta-feira, mas adiou a viagem. Ele considerou o encontro entre os Estados Unidos e a Rússia em Riade como negociações sobre a invasão russa da Ucrânia "sem a Ucrânia".

O presidente considerou uma "surpresa" não ser convidado para a reunião entre Rússia e Estados Unidos. "Soubemos disso pela imprensa", disse Zelensky. Ele adiou a viagem "até 10 de março".

E a Europa?

A União Europeia quer "se unir" aos Estados Unidos para uma paz "justa e duradoura" na Ucrânia. A declaração foi feita pela presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, nesta terça-feira. "O momento é crucial. Financeira e militarmente, a Europa contribuiu mais do que qualquer outro. E vamos intensificar nossos esforços", disse ela.

Nesta segunda-feira, líderes europeus se reuniram em Paris para discutir a situação da Ucrânia. O secretário-geral da Otan, Mark Rutte, afirmou que "a Europa está pronta para investir muito mais em [sua] segurança". Rutte reconheceu, no entanto, que "os detalhes ainda terão de ser decididos".

Os EUA vêm pressionando os países europeus a se envolverem no conflito. Recentemente, a Casa Branca enviou um questionário aos governos europeus perguntando se estavam dispostos a enviar soldados à futura linha de fronteira, se Estados não europeus deveriam compor essas forças e ainda de que maneira os Estados Unidos e aliados deveriam reagir caso a Rússia venha a atacar essas tropas.

O tema vem dividindo os líderes da Europa. O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, foi favorável ao envio de soldados britânicos com outros europeus se um acordo de paz duradouro for concluído. Já o chanceler alemão, Olaf Scholz, afirmou ter ficado irritado com o debate. Scholz considerou "altamente inapropriado" e prematuro discutir o envio de forças de paz à Ucrânia, enquanto a guerra ainda assola o país invadido pela Rússia.

Para Scholz, os esforços da Europa devem se concentrar, neste momento, em exigir dos EUA garantias de envolvimento da Ucrânia nas negociações. A primeira-ministra da Dinamarca, Mette Frederiksen, disse que a Europa precisa reforçar seu apoio à Ucrânia.

(Com AFP, DW, Reuters e RFI)

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