Procuradora renuncia nos EUA após pressão para investigar contrato concedido por Biden
Por Sarah N. Lynch
WASHINGTON (Reuters) - Uma procuradora federal sênior de Washington renunciou ao cargo nesta terça-feira, citando o que chamou de exigência imprópria de indicados do governo do presidente Donald Trump para investigar um contrato público concedido pelo ex-presidente Joe Biden.
Denise Cheung, que supervisionou casos criminais no Gabinete do Procurador dos EUA em Washington, disse em uma carta vista pela Reuters que recebeu a ordem de abrir uma investigação sobre um contrato. Segundo ela, a solicitação não era fundamentada por evidências.
Quando se recusou a abrir uma investigação de grande júri citando falta de provas, ela disse que recebeu a ordem de apreender bens para impedir que o destinatário do contrato recebesse os fundos governamentais.
“Eu tenho tido orgulho de servir no Departamento de Justiça dos EUA e neste gabinete por mais de 24 anos”, escreveu Cheung, em carta ao procurador interino dos EUA, Ed Martin.
“Durante meu mandato, que atravessou diferentes governos, sempre fui guiada pelo juramento que fiz… de apoiar e defender a Constituição”.
Porta-vozes do gabinete do Procurador dos EUA e do Departamento de Justiça não responderam ao pedido por comentários em um primeiro momento.
A renúncia foi a mais recente entre procuradores de carreira do Departamento de Justiça, protestando contra o que consideram ser uma interferência política indevida do governo Trump em investigações criminais.
Dezenas de autoridades de carreira do Departamento de Justiça -- que geralmente permanecem nos cargos de um governo para outro -- em cidades como Washington e Nova York foram demitidos ou renunciaram desde que Trump assumiu o poder, em 20 de janeiro. Trump prometia sacudir rapidamente o departamento que, segundo ele, foi usado contra ele nos anos em que esteve fora do cargo.
Aproximadamente 20 procuradores que investigaram apoiadores de Trump que invadiram o Capitólio em 6 de janeiro de 2021 foram realocados.
Cheung disse em carta que, em um primeiro momento, recebeu a ordem de abrir uma investigação de grande júri para determinar se o contrato foi ilegalmente concedido durante o governo Biden.
Mas após analisar os documentos fornecidos pelo gabinete do Procurador-Geral Adjunto, Cheung afirmou que ela e seus colegas concluíram que não havia evidências suficientes para justificar um grande júri para investigar crimes como fraude eletrônica e conspiração para fraudar os Estados Unidos.
Após ela recusar a solicitação para abrir uma investigação criminal, autoridades do governo Trump mudaram de rumo e ordenaram que Cheung tentassse um congelamento de bens.
Cheung afirmou ainda na carta que recebeu a ordem para renunciar. Ela anunciou a saída no começo desta terça-feira.
(Reportagem de Sarah N. Lynch)