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Europeus prometem pressionar Moscou com novas sanções para pôr fim à guerra na Ucrânia

18/02/2025 06h49

A França reforçou nesta terça-feira (18) a sua intenção de pressionar Moscou sobre o fim do conflito na Ucrânia. Em uma declaração a jornalistas, o ministro das Relações Exteriores, Jean-Noël Barrot, pediu um "tratado de paz adequado" que "dissuadisse a Rússia" de qualquer nova agressão contra seus vizinhos. Ele também explicou como seriam novas sanções impostas ao Kremlin. Após uma reunião de urgência ocorrida em Paris na segunda-feira (17), líderes europeus se dividem sobre a forma de enfrentar a aproximação entre Donald Trump e Vladimir Putin. 

A Casa Branca e o Kremlin decidiram negociar o fim da guerra na Ucrânia entre eles, sem consultar Kiev e as capitais europeias. O presidente americano vem mantendo seus aliados da Otan fora das tratativas com Vladimir Putin há vários dias. 

Em entrevista à Franceinfo esta manhã, Jean-Noël Barrot lamentou: "Somos atacados diretamente há três anos", disse. "Se quisermos que isso pare, precisamos de um tratado de paz que possa dissuadir definitivamente a ameaça russa", acrescentou o chefe da diplomacia francesa. "É por isso que continuaremos a aumentar o custo da guerra para Vladimir Putin", continuou o ministro, anunciando "uma nova rodada de sanções", a 16ª, a partir de segunda-feira (24) "para forçar o presidente russo a sentar-se à mesa de negociações". 

Barrot explicou que as novas sanções terão como alvo principal "os recursos energéticos e, particularmente, os meios que a Rússia encontrou para contornar as sanções adotadas nos últimos anos". O ministro das Relações Exteriores citou os navios que permitem a Moscou continuar vendendo petróleo sem se expor às sanções da União Europeia. 

"Só alcançaremos a paz [na Ucrânia] por meio de pressão" sobre a Rússia, disse Jean-Noël Barrot, enfatizando a "unidade" dos europeus ao lado de Kiev. "Por força das circunstâncias, os europeus, em um momento ou outro, estarão à mesa" de negociações, garantiu, estimando que serão os europeus que darão "garantias de segurança" a Kiev. 

Questionado sobre a possibilidade de enviar tropas francesas para a Ucrânia, Barrot garantiu que "essa questão surgirá quando chegar a hora, quando a paz for encontrada, para que ela possa ser verdadeiramente garantida". 

A União Europeia quer "se unir" aos Estados Unidos para uma paz "justa e duradoura" na Ucrânia, disse a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, nesta terça-feira, após reunião com o enviado especial do presidente Donald Trump para a Ucrânia, Keith Kellogg. "O momento é crucial. Financeira e militarmente, a Europa contribuiu mais do que qualquer outro. E vamos intensificar nossos esforços", disse ela, após a reunião em Bruxelas.

O presidente francês, Emmanuel Macron, afirmou nesta terça-feira que uma paz "duradoura" na Ucrânia deve ser acompanhada por "garantias de segurança sólidas e duráveis", escreveu ele no X, após a reunião de líderes europeus em Paris

"Estamos convencidos de que os europeus terão de investir mais e em conjunto na sua segurança e defesa, hoje e amanhã", continuou o chefe de Estado francês. "Para isso, os europeus desejam acelerar a implementação da sua própria agenda de soberania, segurança e competitividade", acrescentou.

Caso contrário, o risco seria ver esse cessar-fogo terminar como os acordos de Minsk, destacou Macron, referindo-se aos pactos de cessar-fogo de 2014 e 2015 que não conseguiram pôr um fim duradouro aos confrontos entre o exército ucraniano e os separatistas apoiados por Moscou no leste da Ucrânia. 

Europeus divididos 

Ao final de quase quatro horas de reunião no Palácio do Eliseu, ontem, os europeus, marginalizados por Trump e Putin, continuaram divididos sobre um hipotético envio de tropas para fazer a segurança da futura fronteira russo-ucraniana.  

Oito líderes europeus estiveram presentes nas discussões, assim como a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e o secretário-geral da Otan, Mark Rutte. Segundo ele, "a Europa está pronta para investir muito mais em [sua] segurança". Rutte reconheceu, no entanto, que "os detalhes ainda terão de ser decididos".  

A primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, chegou 45 minutos atrasada e criticou o formato da reunião convocada pelo presidente Emmanuel Macron, que, segundo ela, excluiu muitas nações, a começar pelas "mais expostas ao risco de propagação do conflito". Meloni, próxima de Trump, disse que os Estados Unidos trabalham pela paz na Ucrânia e considerou que os europeus também devem fazer a sua parte.  

Embora Moscou rejeite qualquer presença ocidental perto de suas fronteiras, Washington está pressionando os europeus a se envolverem dessa forma. A Casa Branca enviou um questionário aos governos europeus perguntando se estavam dispostos a enviar soldados à futura linha de fronteira, se Estados não europeus deveriam compor essas forças e ainda de que maneira os Estados Unidos e aliados deveriam reagir caso a Rússia venha a atacar essas tropas.  

As divisões sobre a questão ficam cada vez mais evidentes. O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, foi favorável ao envio de soldados britânicos com outros europeus se um acordo de paz duradouro for concluído. "Mas deve haver apoio dos Estados Unidos, porque uma garantia de segurança americana é a única maneira de impedir efetivamente a Rússia de atacar a Ucrânia novamente", enfatizou. 

Já o chanceler alemão, Olaf Scholz, afirmou ter ficado irritado com o debate. Scholz considerou "altamente inapropriado" e prematuro discutir o envio de forças de paz à Ucrânia, enquanto a guerra ainda assola o país invadido pela Rússia. Para o alemão, prestes a deixar o cargo, a discussão deve se concentrar, neste momento, em exigir dos Estados Unidos garantias de envolvimento da Ucrânia nas negociações.  

Questionada sobre qual seria a maior ameaça à Europa neste momento, a primeira-ministra da Dinamarca, Mette Frederiksen, disse temer que a rápida conclusão de um cessar-fogo acabe dando à Rússia a oportunidade de se mobilizar novamente e atacar a Ucrânia ou outro país na Europa. "A Rússia, infelizmente, ameaça agora toda a Europa", alertou a líder dinamarquesa. 

(Com AFP)

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