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Escola de samba da Brasuca Show anima os carnavais de Nice e de Menton na França

18/02/2025 09h47

A associação franco-brasileira Brasuca Show foi fundada em Nice há mais de 20 anos. Presidida pela brasileira Solange Barreto, a "miniescola de samba" anima os carnavais de Nice e de Menton, no sul da França, que acontecem neste momento. Neste ano, a folia ganha uma relevância especial para a associação criada com a ajuda de Simone Barreto, brasileira assassinada no ataque terrorista à Basílica de Nice e cujo processo é realizado também neste momento em Paris.

Os tradicionais carnavais nas cidades da Côte d'Azur começaram no último sábado (15) e acontecem até 2 de março. O primeiro desfile da Brasuca Show foi no último domingo (16) com o tema "o rei do espaço", em Menton, cidade onde o carnaval é conhecido como a "Festa do Limão".

Mas a ligação histórica da Brasuca Show na região é com Nice, onde a associação foi fundada e está sediada. O grupo participa do mais importante carnaval da França e um dos maiores da Europa há 15 anos. "A gente sai da Bahia, mas a Bahia não sai da gente. Então, nós estamos aqui sempre defendendo a nossa cultura, com capoeira, com dança, com o Carnaval,", conta Solange Barreto.

A associação também realiza há 12 anos uma festa de Iemanjá em Nice, que inclusive já entrou para o calendário oficial cultural da cidade francesa, mas não recebe nenhum apoio do governo brasileiro, critica Solange. "Precisava também de um apoio do governo brasileiro porque não deixa de ser um intercâmbio cultural", acredita.

Contraponto ao "rei dos oceanos"

O tema dos desfiles este ano no carnaval de Nice é "o rei dos oceanos". Essa edição 2025 é uma espécie de abre alas da celebração do "ano do mar" na cidade que irá sediar em junho a terceira Cúpula Mundial dos Oceanos da ONU.

Brasuca Show é apenas um dos vários grupos a desfilar até o próximo dia 2 de março em Nice. Ele entra na folia na quarta-feira (19) com o enredo "Yemanjá, protetora dos mares", fazendo um contraponto ao tema principal.

"Como é 'o rei dos oceanos', nós não poderíamos deixar de colocar nossa rainha (do mar) que é o que a gente defende aqui, mas voltada também para o Carnaval, com muitas plumas e paetês como o brasileiro sabe fazer", antecipa.

Simone Barreto define o trabalho como uma "miniescola de samba", formada por cerca de 20 integrantes, majoritariamente brasileiros. "Nós somos uma associação que defende a cultura brasileira. Então, a prioridade é realmente para os brasileiros que estão aqui: músicos, dançarinos. Nós vamos ter uma ala de percussionistas, com 10 músicos, que vai fazer o nosso samba-enredo, nosso axé, samba-reggae".  Além da porta-bandeira e passistas, o cortejo terá como comissão de frente "um barco com quatro meninas vestidas de roupas estilizadas de Iemanjá, mais uma Iemanjá tradicional. Vocês vão ver, está muito bonito", garante Solange que também é responsável pelos figurinos e adereços do bloco.

Despois da estreia no dia 19, Brasuca Show desfila também nas ruas de Nice em 22 e 26 de fevereiro e 1° de março.

Irmã morta no atentado contra Basílica de Nice

Apesar de toda essa preparação, envolvimento e dedicação, Solange não vai participar do primeiro desfile da associação Brasuca Show no Carnaval de Nice. Ela vai estar em Paris, participando da primeira jornada de depoimentos dos familiares das vítimas do atentado terrorista contra a Basílica Diniz, que deixou 3 mortos em 2020, entre eles a irmã dela, Simone Barreto.

O julgamento do suposto terrorista, o tunisiano Brahim Aouissaoui, de 25 anos, começou em 10 de fevereiro e vai até o dia 26 de fevereiro, coincidindo com o Carnaval de Nice. "Foram quatro anos de espera. Caiu no mês de fevereiro, que é o Carnaval daqui. Mas a gente é uma família grande, nós estamos dividindo os trabalhos, as tarefas, de quem vai segurar o carnaval quando eu não estiver", diz

Solange Barreto, que volta a reclamar da falta de apoio do governo brasileiro nesse processo, espera justiça. "A nossa determinação de ir até Paris é para poder cobrar justiça, porque uma pessoa dessas não pode estar solta, não pode estar livre. (...) Eu estou correndo atrás da justiça de Deus, atrás da justiça dos homens pela vida da minha irmã. O meu trabalho artístico e cultural é que me dá força para continuar", pontua.

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