Topo
Notícias

Em telefonema, Macron e Lula falam em negociações de paz incluindo Rússia e Ucrânia

18/02/2025 18h23

Por Lisandra Paraguassu

BRASÍLIA (Reuters) - Em telefonema com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o presidente da França, Emmanuel Macron, concordou que é necessário abrir negociações de paz na Ucrânia com os dois lados na mesa, incluindo a Rússia nas conversas, em uma mudança de postura dos europeus, que até então vinham conversando apenas com o lado ucraniano.

"Expressei minha preocupação com o cenário internacional e reafirmei o compromisso do Brasil com a promoção da paz e a defesa da democracia. Nós dois reconhecemos a importância de uma solução para a guerra na Ucrânia que inclua a participação de todas as partes envolvidas no conflito", escreveu Lula em suas redes sociais após o telefonema com Macron.

O presidente da França reiterou a mesma posição também pelas redes sociais. "Acabei de falar com o presidente Lula. Acreditamos juntos que a paz na Ucrânia só pode ser alcançada por meio de discussões que reúnam a Rússia e a Ucrânia em volta da mesma mesa. A paz é possível e a comunidade internacional deve se mobilizar", escreveu Macron.

De acordo com uma fonte do lado brasileiro que acompanhou a conversa, Macron informou a Lula que países europeus tiveram uma reunião sobre a guerra na Ucrânia na segunda-feira, mas fez um relato sem detalhes.

A postura de incluir a Rússia nas negociações se afasta da adotada pelos europeus até aqui, quando a posição mais comum era de que ouvir os russos seria "premiar o invasor". Já o governo brasileiro defendia que não era possível negociar sem incluir a Rússia.

Em junho do ano passado, Lula decidiu não ir a uma conferência de paz na Suíça porque a Rússia não foi convidada. "Não é possível você ter uma briga entre dois e achar que se reunindo só com um, resolve o problema", disse Lula à época.

A mudança de postura dos europeus vem em um momento em que os Estados Unidos, sob o comando de Donald Trump, tentam abrir negociações de paz com a Rússia, mas isolando a Europa. O presidente norte-americano chegou a dizer que os países europeus não seriam chamados para a negociação.

Pouco depois, o secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, assegurou a participação da Europa, mas os Estados Unidos mantiveram a postura de abrir diálogo direto com a Rússia, dessa vez sem incluir a Ucrânia.

Anteriormente, Brasil e China tentaram reunir países com relações com ambos os lados, incluindo Arábia Saudita, Turquia e Indonésia, para tentar uma proposta que pudesse servir de base para uma negociação entre Rússia e Ucrânia, mas o presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, recusou a proposta.

Notícias