Fugiu da cadeia: quem é o suspeito de comandar ataque a delegacia no RJ

Joab da Conceição Silva, foragido desde 2019, chefia um grupo fortemente armado e é suspeito de orquestrar o ataque à 60ª DP, no Rio de Janeiro, para resgatar comparsas.
O que aconteceu
Joab é apontado como chefe do tráfico na comunidade Rua 7, em Campos Elíseos, e uma das principais lideranças do crime organizado na Baixada Fluminense. Investigado há mais de uma década, ele comanda uma quadrilha fortemente armada e está envolvido em disputas violentas contra facções rivais.
A ficha criminal de Joab é extensa: ele foi preso pela primeira vez em fevereiro de 2012 por tráfico de drogas e sentenciado a 16 anos de prisão. Em abril de 2017, fugiu do sistema penitenciário e passou meses foragido, até ser recapturado em dezembro do mesmo ano. No entanto, em outubro de 2019, ele obteve o benefício de Visita Periódica ao Lar e nunca mais voltou para a cadeia. Desde então, consolidou sua liderança no tráfico, expandindo o controle sobre a venda de drogas e reforçando sua facção.
A VPL (Visita Periódica ao Lar) é um benefício previsto na Lei de Execução Penal brasileira que permite ao apenado visitar periodicamente sua residência ou família por uma semana, sem supervisão. Segundo o Depen (Departamento Penitenciário Nacional), a concessão da VPL é autorizada pelo juiz da Vara de Execução Penal, considerando critérios como comportamento, cumprimento de parte da pena e outros requisitos legais.
As investigações indicam que Joab tem papel estratégico na guerra entre facções no Rio de Janeiro. Recentemente, ele teria articulado o envio de traficantes da comunidade Vai Quem Quer para reforçar o Comando Vermelho na disputa contra o Terceiro Comando Puro (TCP) pelo controle do Morro do Juramento, na Zona Norte do Rio.
O Disque-Denúncia divulgou um cartaz com a foto de Joab, pedindo informações sobre seu paradeiro. A polícia considera que ele é um dos criminosos mais perigosos em atuação na Baixada Fluminense, com 55 anotações criminais por diversos crimes, incluindo tráfico de drogas, associação para o tráfico, porte ilegal de arma, extorsão, roubo de carga e receptação.
O ataque à delegacia
A tentativa de resgate na 60ª DP, em Campos Elíseos, foi comandada por Joab na noite de sábado (15), segundo as autoridades do Rio. O plano era libertar Rodolfo Manhães Viana, o "Rato", e Wesley de Souza Espírito Santo, apontados como chefes do tráfico na favela Vai Quem Quer. Os dois haviam sido presos horas antes em uma operação policial e estavam armados com um fuzil no momento da captura.
A ofensiva foi organizada com dezenas de criminosos fortemente armados, que invadiram a delegacia atirando contra os policiais. Dois agentes foram feridos durante o ataque e precisaram ser encaminhados ao Hospital Adão Pereira Nunes, mas já receberam alta.
No entanto, ao entrarem na delegacia, os criminosos perceberam que os traficantes já haviam sido transferidos para a Divisão de Capturas e Polícia Interestadual, frustrando o plano de resgate. A quadrilha então fugiu, deixando um rastro de destruição no local.
No domingo (16), a Polícia Civil lançou uma operação para prender os envolvidos. As buscas se concentraram em pelo menos quatro comunidades de Duque de Caxias: Vai Quem Quer, Rua 7, Santa Lúcia e Rodrigues Alves.
Até agora, seis suspeitos foram presos e um criminoso morreu em confronto com os agentes. A operação também resultou na apreensão de uma granada e drogas.
O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, afirmou que "todos os envolvidos serão presos" e criticou a concessão de benefícios legais a criminosos reincidentes. A Polícia Civil também solicitou a transferência de Rodolfo Manhães Viana e Wesley de Souza Espírito Santo para um presídio federal.
*Com informações da Agência Brasil e Estadão Conteúdo.