Pais recorrem a app pra rastrear filhos após assassinatos na França

Após o assassinato de dois menores no espaço de poucos dias na região parisiense, a preocupação dos pais com a segurança dos filhos aumentou e o uso de dispositivos eletrônicos de rastreamento para localizar as crianças começa a se generalizar na capital francesa.
Na madrugada de sábado (8), Luise, de 11 anos, foi encontrada morta em um bosque na região parisiense, doze horas depois de desaparecer, na saída da escola.
Uma semana antes, Elias, de 14 anos, foi assassinado com uma faca, na saída de seu treino de futebol, no dia 25 de janeiro, às 20h, no 14° distrito de Paris, em uma tentativa de roubo de seu telefone celular.
Em setembro passado, Philippine Le Noir, estudante universitária de 19 anos, foi encontrada morta no Bois de Boulogne, parque na região oeste de Paris. Ela foi estuprada e morta por asfixia ao sair da Faculdade à tarde.
Todos estes crimes na região parisiense causaram comoção e aumentaram as preocupações dos pais, em cidades onde é comum que as crianças comecem a ir desacompanhadas à escola a partir dos 11 anos, ou mesmo antes.
Para saber onde os filhos estão, muitos pais apelam para dispositivos de rastreamento, que permitem localizar as crianças a todo momento. Alguns desses tags contam até mesmo com um botão de alerta e microfone para ser usado em caso de perigo.
Os dispositivos podem custar entre 39 euros (R$ 234) e 129 euros (R$ 776,90).
Psicólogos não recomendam
Jerôme Debrie colocou um rastreador na mochila de seu filho de 14 anos e um no carro usado pela filha de 17 anos. Ele pode saber onde eles estão a todo momento, o que não agrada principalmente a jovem.
"Eu entendo que meus pais coloquem um aparelho no meu carro e me geolocalizar pelo telefone. Mas acho um pouco opressor, porque vou completar 18 anos e gostaria de ficar um pouco mais livre", diz Ninon Debrie.
Sophie, mãe de dois filhos de 14 e 15 anos é totalmente contra. "Está fora de questão para mim colocar tags nos meus filhos para saber onde estão. Para encontrar o corpo dele esfaqueado? Não. Meus filhos têm direito à infância deles", diz.
Os psicólogos concordam com ela. Para especialistas, vigiar as crianças não é a melhor maneira de torná-las autônomas e capazes de se defender. "Se a criança tem a impressão de que ela é vigiada pelos pais 100% do tempo, não tenho certeza que ela se sentirá totalmente em segurança e não estará preparada a se proteger sozinha", diz Samuel Comblez, psicólogo, vice-diretor da associação E-enfance, de luta contra o assédio e a violência digital sofridos pelos jovens, em entrevista à Franceinfo.
Especialistas também aconselham que estes aparelhos sejam usados somente com o consentimento dos filhos.