Hezbollah pede que governo libanês não ceda à pressão de Israel e permita pouso de aviões iranianos
O grupo Hezbollah pediu neste domingo (16) que o governo libanês reconsidere a sua decisão de proibir a aterrissagem de aviões iranianos no aeroporto internacional de Beirute e tome medidas para impedir que Israel viole a soberania nacional. A questão suscita uma onda de protestos na capital libanesa desde o final da semana passada.
Com informações Giovanna Vial, correspondente da RFI em Beirute, e agências
"O Hezbollah pede que o governo libanês revise a sua decisão de proibir a aterragem de aviões iranianos no aeroporto de Beirute e tome medidas sérias para impedir que o inimigo israelense imponha suas exigências e viole a soberania nacional", disse o movimento libanês pró-iraniano num comunicado.
Desde a última quinta-feira (13), o governo libanês impediu duas vezes que aviões comerciais provenientes do Irã pousassem na capital libanesa. A decisão foi anunciada depois que o Exército israelense ameaçou atacar o aeroporto de Beirute por suspeitar que o regime iraniano estaria contrabandeando recursos para o Hezbollah por via aérea.
A medida resultou em uma onda de protestos na capital libanesa. Manifestantes se reuniram nos arredores do aeroporto de Beirute, que fica nas proximidades do bairro de Dahiyeh, bastião do grupo Hezbollah.
As manifestações foram duramente reprimidas pelas forças libanesas, que utilizaram gás lacrimogêneo e violência para dispersar os participantes dos protestos. No sábado (15), mais de 25 pessoas foram presas após um ataque a um comboio das Nações Unidas, que feriu dois soldados da Unifil, a Força Interina da ONU no Líbano.
Retirada de Israel do Líbano
Os voos entre o Irã e o Líbano devem ficar suspensos até pelo menos terça-feira (18), data para a retirada de Israel do sul do território libanês e implementação efetiva do cessar-fogo no país. Neste domingo, o Exército libanês pediu que a população não frequente as regiões ainda ocupadas pelas forças israelenses para "evitar a morte de pessoas inocentes".
Pouco depois, a agência de notícias Estatal ANI informou que uma mulher havia sido morta a tiros em na cidade de Houla, no sul do Líbano. A ocorrência foi registrada em um momento em que muitos libaneses tentam voltar para suas casas antes da data limite para a retirada dos militares de Israel das zonas ocupadas desde o ano passado. Três civis também teriam sido detidos pelas forças israelenses.
Neste domingo, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, prometeu que Israel cumprirá suas obrigações para que a trégua seja respeitada. "O Hezbollah deve ser desarmado, e Israel preferiria que o Exército libanês se encarregasse disso, mas ninguém deve duvidar que Israel fará o que for necessário para garantir que o acordo de cessar-fogo seja respeitado e para defender a nossa segurança", declarou, em coletiva de imprensa ao lado do secretário de Estado americano Marco Rubio, em Jerusalém.
O chefe da diplomacia americana realiza sua primeira visita oficial ao Oriente Médio desde que assumiu o cargo, em janeiro deste ano. Rubio não mediu palavras para ratificar seu apoio a Israel. "No caso do Líbano, os nossos objetivos são idênticos: um Estado libanês forte, capaz de confrontar e desarmar o Hezbollah", declarou o representante de Washington, ao lado de Netanyahu.