'Ainda Estou Aqui' perde para 'Emilia Pérez' na disputa do BAFTA, o Oscar britânico

O filme francês "Emilia Pérez" conquistou, neste domingo (16), a estatueta de melhor filme em língua não inglesa do BAFTA o prêmio da Academia Britânica de Cinematografia. A produção desbancou o brasileiro "Ainda Estou Aqui", com o qual também concorre ao Oscar.

"Emilia Pérez", dirigido por Jacques Audiard, filme que conta a história de um narcotraficante mexicano que se submete a uma cirurgia de redesignação de gênero, superou o longa do brasileiro Walter Salles. O diretor francês recebeu o prêmio dizendo-se "emocionado" e acrescentando que a honraria "era para todos os que trabalharam incansavelmente neste filme". Ele também prestou homenagem às outras produções indicadas na categoria, como o irlandês "Kneecap" e o brasileiro "Ainda Estou Aqui".

O diretor francês assinalou que gostaria de "agradecer aos talentos maravilhosos" que participam do filme, citando sua "querida Zoe" Saldaña e Selena Gómez. Ele também mencionou a atriz espanhola Karla Sofía Gascón, chamando-a de "querida". Envolvida em polêmicas ligadas a uma série de tuítes xenofóbicos que escreveu no passado, a protagonista de Emilia Pérez não esteve presente na cerimônia. O cineasta havia declarado na semana passada que não tinha mais falado com a atriz desde o início da polêmica. 

Zoe Saldaña, a outra estrela de Emilia Pérez, foi contemplada com o BAFTA de melhor atriz coadjuvante. "Virou um personagem especial para mim", disse Saldaña, acrescentando que o fato de o filme ter sido rodado em espanhol, sua língua materna, lhe permitiu "me conectar com minha cultura, com minha arte. Foi significativo para mim", disse a atriz, de origem dominicana.

Emilia Pérez tinha 11 indicações ao BAFTA

Emilia Pérez tinha 11 indicações ao BAFTA. Além de "Ainda estou aqui" e "Kneecap", concorriam ao prêmio de melhor filme estrangeiro o indiano "All we imagine as light" e o iraniano "The seed of the sacred fig".

O brasileiro "Ainda estou aqui", que já foi contemplado com o prêmio de melhor roteiro no Festival de Cinema de Veneza e o Globo de Ouro de melhor atriz para Fernanda Torres, além da recompensa de melhor filme ibero-americano no Goya espanhol, há uma semana, saiu de mãos vazias no BAFTA.

O filme conta a história de Eunice Paiva (interpretada por Fernanda Torres), viúva do deputado cassado Rubens Paiva, desaparecido durante a ditadura militar, e dos cinco filhos do casal. Sequestrado por agentes do Estado em 1971, Rubens Paiva foi morto no cárcere, mas seu corpo nunca apareceu.

O filme concorre ao Oscar, em 2 de março, em três categorias: melhor filme (sendo a primeira produção brasileira com esta indicação), melhor filme internacional e melhor atriz para Fernanda Torres.

(Com AFP)