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Idoso espancado por motorista de Porsche está abalado: 'Tomando remédio'

O motorista do Porsche, de 21 anos, fugiu após ter agredido o idoso até que ele desmaiasse - Reprodução/Redes Sociais
O motorista do Porsche, de 21 anos, fugiu após ter agredido o idoso até que ele desmaiasse Imagem: Reprodução/Redes Sociais
do UOL

Maurício Businari

Colaboração para o UOL

15/02/2025 05h30

O idoso de 78 anos agredido pelo motorista de um Porsche em Praia Grande afirma que não vai deixar o caso impune. Determinado a buscar Justiça, ele quer que o agressor seja responsabilizado para que o episódio não se repita com outras pessoas.

O que aconteceu

A agressão ocorreu na madrugada de quinta-feira (13), na Avenida Presidente Castelo Branco, em Praia Grande. O motorista do Porsche, Richard Henrique Julião, 21, estava hospedado em um apartamento e já era alvo de reclamações dos moradores, que se incomodavam com o barulho do veículo. Todas as noites, o jovem ficava acelerando o motor do carro importado em frente ao prédio, importunando quem tentava dormir.

Naquela noite, diversos moradores desceram para protestar contra o barulho, mas permaneceram atrás do portão do prédio. O idoso, que aceitou conversar com a reportagem sob condição de anonimato, foi o único que se aproximou para conversar com o motorista e tentar repreendê-lo por suas ações.

"Ele começou a me xingar, chamar de mendigo, dizer que quem tem dinheiro passa batido. Disse que todo mundo ali era mendigo também", contou a vítima. Além disso, o motorista arremessou um chinelo contra o idoso e disse: "Fica com essa aí que depois eu mando dinheiro para você comprar outro, porque dinheiro, eu tenho".

Em seguida, partiu para a violência física. O jovem desferiu socos e chutes na vítima, que caiu no chão. Mesmo após o idoso estar no solo, o agressor continuou a atacá-lo, até que um chute na cabeça o fez perder a consciência.

A cena foi registrada em vídeo por moradores e entregue à polícia. As imagens foram anexadas aos autos e serviram de base para a investigação. O idoso ainda sente dores e está abalado emocionalmente.

Eu não estou bem ainda. Estou tomando remédio, meu corpo está todo dolorido. Não teve nenhuma fratura, mas estou mal psicologicamente.

Apesar do trauma, ele promete levar o caso adiante. "Eu não vou deixar assim, não. Vou entrar na Justiça, porque do jeito que ele fez comigo, ele pode fazer com outra pessoa. Se a gente não der um jeito nele agora, ele nunca vai aprender", afirmou o aposentado, que se recupera na casa da filha, em São Paulo.

Julião teve a prisão temporária decretada. A investigação revelou que, além dos episódios de agressão contra a ex-namorada e do desacato a guardas municipais, o jovem tem um histórico de comportamento violento.

Com base nas imagens da agressão ao idoso e nos antecedentes, o agressor pode responder por tentativa de homicídio qualificado.

Foram aplicadas quatro qualificadoras:

  • Motivo fútil (discussão sobre barulho do carro);
  • Meio cruel (agressões brutais, incluindo chutes com a vítima caída);
  • Impossibilidade de defesa da vítima (idoso de 78 anos contra um jovem de 21);
  • Vítima maior de 60 anos (agravante previsto no Código Penal).

O agressor fugiu para a capital após o crime. A polícia realiza buscas para localizá-lo.

Histórico de violência

Essa não é a primeira vez que Julião se envolve em problemas. Ele também é acusado de agredir sua ex-namorada, de 21 anos, em ao menos duas ocasiões registradas em boletins de ocorrência.

A primeira agressão ocorreu em 20 de janeiro de 2023. Segundo o relato da vítima, Julião invadiu o condomínio onde ela morava e, ao encontrá-la, a puxou pelo pescoço para dentro do apartamento. Ele então iniciou uma sequência de agressões com tapas, socos e chutes. Ela estava grávida de sete meses.

Durante o ataque, o agressor ameaçou tirar a própria vida. Ele disse que não tinha mais sentido viver e tentou cortar a rede de proteção da janela para se jogar, mas foi impedido pela vítima. Em seguida, continuou a espancá-la até que ela conseguiu escapar e buscar ajuda na casa da madrasta.

A jovem foi socorrida pelo pai e levada ao hospital, mas o caso não foi registrado na delegacia na época. Julião ainda levou consigo o documento de RG e o cachorro da vítima, que foi devolvido dias depois.

A segunda agressão aconteceu em 31 de janeiro de 2023. A jovem relatou que estava com o namorado em um hotel na capital paulista quando o casal teve uma discussão. O agressor a trancou no banheiro e iniciou uma nova série de agressões com socos e chutes.

A vítima conseguiu escapar com a ajuda de funcionários do hotel. Com hematomas pelo corpo, ela se dirigiu para a cidade de Guarujá, onde mora sua mãe. No novo boletim de ocorrência, foram expedidas guias para exame de corpo de delito.

Além das agressões contra a ex-namorada, Julião também foi acusado de desacato e agressão contra agentes da Guarda Civil Municipal (GCM). No dia 3 de janeiro de 2025, ele foi abordado após estacionar o Porsche irregularmente sobre uma faixa de pedestres na Avenida Castelo Branco, no bairro Boqueirão.

Ao ser questionado pelos guardas municipais, ele passou a ofender e ameaçar a equipe, recusando-se a remover o veículo. Em determinado momento, chegou a empurrar um dos agentes, chamando-os de "pobres" e afirmando que tinha dinheiro e influência. Diante da resistência, a GCM apreendeu o veículo e conduziu Julião à Central de Polícia Judiciária (CPJ).

O histórico de agressões do jovem se estende também à própria família. Em 2023, sua avó registrou um boletim de ocorrência contra ele após o neto destruir objetos na casa dela, na Zona Leste de São Paulo. Em razão do comportamento agressivo, a Justiça chegou a decretar medidas protetivas, determinando que ele mantivesse uma distância mínima de 100 metros da avó.

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