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Posts enganam ao comparar preço do diesel nos governos Lula e Bolsonaro

14.fev.2025 - Posts usam dados diferentes para comparar preço do diesel nos governos Lula e Bolsonaro - Arte/UOL sobre Reprodução/Instagram
14.fev.2025 - Posts usam dados diferentes para comparar preço do diesel nos governos Lula e Bolsonaro Imagem: Arte/UOL sobre Reprodução/Instagram
do UOL

Ricardo Espina

Colaboração para o UOL

14/02/2025 12h46

Publicações nas redes sociais usam uma comparação distorcida para afirmar que o valor médio do diesel nos postos durante o atual governo do presidente Lula (PT) é mais caro do que o praticado na gestão de seu antecessor, Jair Bolsonaro (PL).

As peças desinformativas enganam ao equiparar duas medidas diferentes: o preço do combustível vendido pela Petrobras às distribuidoras, que é mais baixo, ao valor do diesel oferecido pelos postos para o consumidor final, mais alto.

O UOL Confere considera distorcido o conteúdo que usa informações verdadeiras em contexto diferente do original, alterando seu significado de modo a enganar e confundir quem os recebe.

O que diz o post

A publicação traz uma imagem de Bolsonaro, seguida pelo vídeo de uma reportagem do Jornal da Record. "A Petrobras anunciou uma redução de R$ 0,20 no preço do óleo diesel. A partir de amanhã, o litro passa a custar R$ 5,41 para as distribuidoras. Isso representa uma queda de 3,57%", diz a apresentadora.

Abaixo, há uma foto de Lula fazendo o símbolo de um coração com as mãos acompanhada de um vídeo do jornal O Povo. "A Petrobras anunciou um aumento no preço do diesel para as distribuidoras. A partir deste sábado [1º/2], o valor do litro subirá R$ 0,22, chegando a uma média de R$ 3,72 nas refinarias", diz o narrador, destacando que o preço do diesel para o consumidor final custaria, em média, R$ 6,17.

"Governo do ódio (2022) Diesel 5,41. Governo do amor (2025) Diesel 6,17", diz o texto que completa a postagem.

Por que é distorcido

Posts enganosos comparam usando critérios diferentes. Como explicado na própria reportagem utilizada pelas peças desinformativas (aqui e abaixo), o cálculo do valor do diesel para o consumidor final obedece a alguns fatores. Em um primeiro momento, a Petrobras vende o produto às distribuidoras a um determinado valor. Sobre esta quantia, há a incidência de impostos e de outros gastos, o que faz com que o preço do combustível nas bombas seja maior.

Publicações omitiram preço do diesel nas bombas em 2022. A reportagem veiculada pela RecordTV foi ao ar em 4 de agosto de 2022 (aqui e abaixo), mesma data na qual a Petrobras anunciou de fato uma redução no valor da venda do diesel para as distribuidoras: passou de R$ 5,61 para R$ 5,41 por litro (aqui). O que os posts enganosos não informaram foi o valor médio do combustível nos postos naquela época. De acordo com levantamento da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), o preço médio nacional do diesel nas bombas em agosto de 2022 foi de R$ 7,10. Em janeiro de 2025, ficou em R$ 6,08 (aqui).

Valor médio do diesel atualmente é de R$ 6,44. Segundo a Petrobras, na semana entre os dias 2 e 8 de fevereiro, o preço médio do diesel nos postos de combustível de todo o país é de R$ 6,44 - portanto, mais baixo do que o verificado em agosto de 2022. A estatal ainda explica a composição deste valor: R$ 3,03 (parcela Petrobras), R$ 0,32 (impostos federais), R$ 1,12 (imposto estadual), R$ 0,82 (biodiesel), R$ 1,15 (distribuição e revenda) (aqui).

Petrobras reajustou preço do diesel para distribuidoras neste mês. A estatal informou um aumento de R$ 0,22 por litro na venda de diesel para as refinarias, O preço médio do produto ficou em R$ 3,72/litro (aqui).

Comparações enganosas sobre preço de combustíveis voltam a circular. Esta não é a primeira vez na qual publicações distorcem valores ao comparar preços de combustíveis nos governos Lula e Bolsonaro. Um deles afirmava que era possível comprar mais litros de gasolina com um salário mínimo em 2025 do que em 2021 (aqui e aqui). Outro dizia que o preço médio da gasolina ficou em R$ 4,59 durante toda a gestão de Bolsonaro (aqui, aqui e aqui). Ambos foram desmentidos por agências de checagem de informação.

Este conteúdo também foi checado pela Reuters.

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