Ataque com carro na Alemanha pode ter tido motivação religiosa, dizem promotores
Por Jörn Poltz e Friederike Heine
MUNIQUE (Reuters) - Promotores federais alemães disseram nesta sexta-feira que há suspeitas de que o ataque realizado com um carro em Munique tenha motivação religiosa e a meta minar a ordem democrática da Alemanha. Pelo menos 39 pessoas, incluindo uma criança, ficaram feridas na quinta-feira, quando um afegão de 24 anos atropelou manifestantes reunidos no centro da cidade, colocando a segurança de volta ao foco de discussão antes da eleição federal em 23 de fevereiro. "Há uma suspeita de que o ato teve motivação religiosa e deve ser entendido como um ataque à ordem básica democrática livre", afirmou em comunicado o gabinete da promotora federal, acrescentando que também há uma investigação sendo realizada pelo Departamento de Polícia Criminal do Estado da Baviera. Segundo a promotora-geral de Munique, Gabriele Tilmann, o suspeito disse que atropelou os participantes da manifestação de forma deliberada. "Sou muito cautelosa em fazer julgamentos precipitados, mas com base em tudo o que sabemos até o momento, eu me aventuraria a falar de uma motivação islâmica para o crime", afirmou Tilmann. Os policiais atiraram no carro após o ataque, mas o suspeito não foi atingido. De acordo com Tilmann, o motorista disse "Allahu akbar" ("Deus é o maior") após o ataque e rezou na presença da polícia. Tilmann afirma não ter evidências de que o suspeito, identificado como Farhad Noori, seja membro de qualquer organização islâmica ou terrorista.
Ela também disse que não há indícios da existência de cúmplices, mas que os investigadores avaliam as comunicações do suspeito -- principalmente em dari, uma língua falada no Afeganistão -- e objetos obtidos durante as buscas, para verificar se alguém tinha conhecimento prévio do crime ou estava envolvido nele.
(Reportagem de Joern Poltz em Munique e Friederike Heine e Riham Alkousaa em Berlim)