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Amigos fazem homenagem a ciclista morto em SP: 'Sentimento de impunidade'

do UOL

Do UOL, em São Paulo

14/02/2025 07h37Atualizada em 15/02/2025 14h57

Os amigos e familiares de Vitor Medrado, ciclista morto do lado de fora do Parque do Povo na manhã de quinta-feira (13), fizeram uma homenagem para ele com flores e pediram mais segurança nas ciclovias de São Paulo.

O que aconteceu

Ciclistas se encontraram na rua Brigadeiro Haroldo Veloso, onde Vitor foi morto por assaltantes. O ato interditou uma das pistas e foi acompanhado por várias viaturas da Polícia Militar, dentro e fora do parque.

Ex-mulher de Vitor, Gisele Gasparotto, que também é ciclista, disse que recebeu a notícia com um misto de indignação e tristeza. Ela falou sobre a insegurança nas ciclovias e citou o Parque Bruno Covas, onde "qualquer um pode entrar".

O Vitor não é a primeira vítima e não será a última. Eu já fui assaltada, muitos colegas já tiveram seus pertences levados, seja bicicleta seja celular, e as coisas não mudam. O policiamento vem e fica uma semana. Que a morte dele não seja em vão e que a gente consiga praticar nosso esporte com segurança.

É uma perda irreparável. É absurdo, a gente sente um misto de revolta com indignação, tristeza e embrulho no estômago. É uma região movimentada, no centro econômico de São Paulo, e acontece isso. Ninguém deveria passar por isso em lugar nenhum.
Gisele Gasparotto

Amiga de Vitor contou que eles se sentiam seguros ali. "Foi por água abaixo a sensação falsa de segurança. Eu moro aqui na Cidade Jardim, meu maior medo era ser fechada por um carro e ser jogada da ponte, mas ontem um grande amigo foi brutalmente assassinado por um celular. O rapaz deu um tiro nele antes que ele pudesse olhar".

A morte do Vitor fez com que todo mundo entrasse em uma consciência de que ninguém está seguro. Todo dia eu saio de casa e olho para o meu portão e penso 'que eu volte em segurança', mas dessa vez meu amigo não voltou.

O Vitor era a pessoa mais doce e meiga que a gente conhece. Se tivesse alguém fraco no pelotão ele ficava para trás para ajudar, colocar a mão nas costas e ajudar essa pessoa a chegar. Ele nunca teve uma atitude individualista, era alguém que cuidava e prestava atenção em todo mundo.
Beth Villa Lobos

Vitor tinha uma assessoria esportiva e estava esperando por um aluno, contou um amigo dele ao UOL. Imagens mostram Vitor mexendo no celular segundos antes de ser abordado por dois homens em uma moto. Eles atiram antes que ele pudesse entregar o celular.

A gente considerava a região tranquila por ser um bairro nobre, mas está cada dia mais complicado. A gente sempre escutou sobre assaltos, que roubou item e tal, mas uma tragédia a gente 'comemorava' que não tinha acontecido. Não foi a sorte dele.
Daniel Conti, 29

Amigo conta que ficou devastado com a notícia da morte de Vitor. "Ele não merecia isso, ninguém merece né? Mas especialmente ele que era uma pessoa muito boa", afirmou Lucas Cocha, 29. "Você vê foto do Vitor e ele é muito forte, você pode pensar que ele tem cara de bravo, mas ele era uma pessoa muito calma. Quando ele dizia estar bravo, ele falava sorrindo. Uma pessoa muito boa, todo mundo gostava dele".

Eu já fui assaltado em Moema, que é um lugar rico, que sempre passa muito policiamento, mas São Paulo é muito complicado. A gente sabe os horários e os lugares para evitar, mas aqui é movimentado, o vídeo mostra que tinham carros, pedestres, ciclistas. Não tem explicação.
Lucas Cocha

Ciclistas reclamam da falta de policiamento nas entradas de acesso às ciclovias. "O problema não é dentro da ciclovia, o problema é para entrar e sair tanto no Parque do Povo, quanto na Cidade Universitária sem falar do Parque Bruno Covas que é muito pior porque é aberto, entra quem quer ali, a pé", afirmou Gisele.

A vereadora Renata Falzoni (PSB) participou do ato e pediu uma força-tarefa dos agentes de segurança. "São sempre os mesmos pontos perto dos acessos das estruturas das ciclovias no Rio Pinheiros e no Parque Bruno Covas. Não são um, dois ou três. O que precisa acontecer é juntar o municipal, com a GCM, o estadual, com a PM, e algo federal também".

O corpo de Vitor está sendo velado no Cerimonial Pacaembu. No sábado (15), ele será enterrado na cidade de Santa Luzia, em Minas Gerais.

Como foi o crime

O ciclista Vitor Felisberto Medrado foi assassinado em frente ao Parque do Povo, por volta das 6h. A ação, na rua Brigadeiro Haroldo Veloso, durou cerca de seis segundos entre o momento em que a moto encosta ao lado da vítima e a fuga dos dois criminosos.

Um dos homens atira e a vítima cai no chão. O outro, que estava na garupa, desce da moto e pega o celular do homem. Depois, ele volta para o veículo e os dois deixam a cena. Vítima foi socorrida ao Hospital das Clínicas, mas não resistiu ao ferimento e morreu.

Polícia Militar foi acionada por volta das 6h20. Segundo a SSP, uma testemunha ligou para a PM ao ver o homem caído. O caso foi registrado no 14° DP como latrocínio.

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