Após operação da PF com assessor como alvo, deputado se reúne com Motta

O deputado federal Afonso Motta (PDT-RS) viajou a Brasília e conversou com o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), para tratar da operação da PF (Polícia Federal) que investiga o desvio de emendas destinadas ao hospital de Santa Cruz do Sul (RS).

O que aconteceu

O deputado gaúcho já tinha retornado ao seu estado natal. Após a PF cumprir, na manhã desta quinta-feira (13), mandados de busca e apreensão em endereços ligados a um secretário do parlamentar, Motta decidiu voltar a Brasília para conversar com o presidente da Câmara.

Motta conversou com presidente da Câmara. O deputado afirmou que o chefe da Casa manifestou solidariedade pela investigação que envolve o gabinete e também preocupação porque as emendas parlamentares estão no centro das discussões no Congresso.

É um debate que está na casa, então, trocamos ideias sobre isso. Se manifestou no sentido de que está junto conosco para que essa investigação continue, para que chegue a um bom resultado no sentido de apuração, e isso é fundamental. Não estamos aqui para negar a possibilidade de que temas dessa natureza sejam investigados e sejam apuradas as responsabilidades.Afonso Motta (PDT-RS), deputado federal

Deputado gaúcho isentou funcionário. Motta afirmou que não acredita no envolvimento de Furtado em outros possíveis esquemas.

Não tem nada que envolva o nosso gabinete, que envolva o próprio Lino Furtado de envolvimento com relação a esse processamento e a essa formalização.Afonso Motta (PDT-RS)

Deputado acredita na inocência do funcionário. Motta afirmou que Furtado está sendo investigado e não foi condenado. "Agora, evidentemente, como ele está afastado por ordem judicial, eu vou aguardar essas circunstâncias", disse.

Demissão de companheiro de apartamento é assunto sensível. O deputado e o chefe de gabinete moram juntos na residência funcional dos parlamentares. O deputado disse que os dois têm uma relação de 15 anos, desde o Rio Grande do Sul, e que Furtado mudou para Brasília quando ele foi eleito, mas não cravou o desligamento de Furtado.

Provavelmente, é uma palavra dura, mas provavelmente vou desligá-lo do meu gabinete.Afonso Motta (PDT-RS)

Hugo Motta falou sobre a operação na reunião de líderes. Lideranças que participaram do encontro relataram que o presidente da Câmara informou os colegas da ação da PF, mas destacou que o deputado gaúcho não era o alvo.

Os órgãos da casa estão acompanhando para garantir que tudo seja conduzido da forma mais correta possível.
Hugo Motta (Republicanos-PB), presidente da Câmara dos Deputados

Qualquer ilicitude com emendas tem que ter transparência total. É direito da Justiça cobrar se existe ilegalidade, se existe algum parlamentar cometendo ilegalidade. Isso tem que ser cobrado, mas nesse caso específico não foi o parlamentar.
Altineu Côrtes (PL-RJ), vice-presidente da Câmara

Desvio de emendas para hospital

Gabinete de Afonso Motta destinou ao menos R$ 1,07 milhão em emendas para o hospital Ana Nery, na cidade que fica a 152 km de Porto Alegre. Uma suposta organização criminosa, que inclui o secretário parlamentar Lino Rogério da Silva Furtado, embolsaria 6% do valor captado, segundo as investigações.

Agentes cumpriram 11 mandados de busca e apreensão e dois de busca pessoal em Brasília e em cinco cidades gaúchas. São elas: Estrela, Rosário do Sul, Santa Cruz do Sul, Venâncio Aires e Lajeado.

A PF apreendeu R$ 250 mil em espécie nesta manhã. E também dois celulares que estavam escondidos no forro do teto de um escritório.

Afonso Motta não foi alvo da operação de hoje, batizada de EmendaFest. Assinada pelo ministro do STF Flávio Dino, a ordem judicial também determina o afastamento do cargo e das funções públicas de Lino Rogério e Cliver Fiegenbaum, que é diretor da Metroplan, vinculada à secretaria estadual de Desenvolvimento Urbano.