Ibama parece que é contra o governo, diz Lula sobre petróleo no Amapá
O presidente Lula (PT) disse hoje (12) que é necessário liberar a Petrobras para pesquisar a exploração de petróleo na costa do Amapá, região sensível que abriga centenas de espécies, e criticou o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis).
O que aconteceu
"Precisamos autorizar que a Petrobras faça a pesquisa, é isso que queremos", disse Lula. "Se vai explorar, é outra discussão", afirmou, em entrevista à rádio Diário do Amapá.
"O que não dá é ficar nesse lenga-lenga", disse, em crítica ao instituto. "O Ibama é um órgão do governo, parecendo que é um órgão contra o governo."
Desde 2020, a Petrobras tenta conseguir a licença do Ibama para explorar a margem equatorial. A região fica a 175 km da costa do Amapá e a 500 km da foz do rio Amazonas. Em 2023, o órgão de proteção ambiental rejeitou o pedido, considerando que a empresa não apresentou soluções para o socorro da fauna em caso de vazamento de óleo. À época, demoraria 43 horas para que uma embarcação de resgate chegasse ao local da perfuração.
Vamos cumprir os ritos necessários para não causar nenhum estrago na natureza, mas a gente não pode saber que tem uma riqueza embaixo de nós que não vamos explorar. É com esse dinheiro que vamos construir a transição energética.
Lula, em entrevista à rádio Diário do Amapá
Exploração do petróleo beneficiaria o estado do presidente do Senado. Após a eleição de Davi Alcolumbre (União Brasil-AP) à Presidência do Senado, no início deste mês, Lula disse que o governo emitiria a licença necessária para a atividade econômica na região.
Marina Silva é contra
Ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, sempre se colocou contra a perfuração no local. No entanto, ela já disse em nota que a decisão não cabe a ela, mas aos órgãos técnicos. Internamente, a ministra reclamou que essa não era a atitude que esperava ao reatar com o PT e aceitar participar da gestão em 2022.
Região inclui bioma recém-descoberto. O recife de corais da foz do rio Amazonas só foi registrado em 2016, com um estudo publicado na revista Science Advances. Os pesquisadores estimam que os corais se estendam por uma área equivalente à do estado do Rio Grande do Norte.
Além dos corais, área é margeada por mangues. Tanto os manguezais quanto os bancos de corais são locais de reprodução, fonte de alimentos e berçário para várias espécies marinhas.
Um dos trechos visados para exploração de petróleo fica a 500 km da foz do rio Amazonas. A distância é considerada curta por especialistas, que calculam que as correntes marítimas poderiam carregar petróleo para águas internacionais em até dez horas.