Israel convoca reservistas conforme aumenta preocupação com cessar-fogo em Gaza

Por James Mackenzie e Jana Choukeir e Maha El Dahan
JERUSALÉM/DUBAI (Reuters) - Israel estava convocando reservistas militares para se preparar para uma possível retomada da guerra em Gaza, caso o Hamas não cumpra o prazo de sábado para libertar mais reféns israelenses e o cessar-fogo de quase um mês se desfaça.
Preocupações de que a trégua desabará estão crescendo, com o mundo árabe ficando cada vez mais irritado com o plano do presidente Donald Trump para os Estados Unidos tomarem o controle de Gaza, deslocarem seus habitantes palestinos e construírem um resort de praia internacional.
O Hamas afirmou que Egito e Catar, que, com o apoio dos EUA, mediaram o acordo de cessar-fogo que entrou em vigor em 19 de janeiro, intensificaram os esforços para quebrar o impasse e o líder do grupo militante palestino em Gaza, Khalil Al-Hayya, chegou ao Cairo para negociações.
Pelo acordo, o Hamas havia aceitado libertar mais três reféns no sábado, mas disse nesta semana que estava suspendendo a liberação porque afirmou estarem havendo violações dos termos por parte de Israel.
Trump respondeu dizendo que todos os reféns precisam ser libertados até o meio-dia de sábado ou haveria “um inferno”.
O ministro da Defesa israelense, Israel Katz, afirmou que a trégua deveria trazer uma libertação rápida dos reféns mantidos sob condições duras em Gaza. “Se o Hamas parar de libertar reféns, então não há cessar-fogo e há guerra”, afirmou, em comentários no quartel-general de defesa israelense em Tel Aviv.
Katz acrescentou que “a nova guerra em Gaza” terá uma intensidade completamente diferente e “permitirá a realização da visão de Trump para Gaza”.
“O Hamas... não aceitará a linguagem das ameaças norte-americanas e israelenses”, disse o porta-voz do Hamas, Hazaem Qassem, em um comunicado. “Contatos estão em andamento com os países mediadores para concluir a implementação do acordo de cessar-fogo.”
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, disse nesta terça-feira que Israel retomará “combates intensos”, se o Hamas não cumprir o prazo, mas não afirmou quantos reféns deveriam ser libertados.
Netanyahu disse que ordenou que o Exército reúna forças dentro e em torno de Gaza, e o Exército anunciou que estava mobilizando forças adicionais ao sul de Israel, perto de Gaza, incluindo reservistas.
Em uma reunião na Casa Branca com o rei Abdullah, da Jordânia, na terça-feira, Trump pediu que ele garantisse que o Hamas entendesse “a severidade da situação” se os reféns não fossem libertados até sábado, disse a Casa Branca nesta quarta-feira.
O impasse ameaça reiniciar um conflito que devastou a Faixa de Gaza, deslocou a maioria da sua população internamente, causou escassez de comida e água e levou o Oriente Médio à beira de uma guerra regional mais ampla.
A guerra de Gaza foi desencadeada pelo ataque liderado pelo Hamas ao sul de Israel em 7 de outubro de 2023, no qual pelo menos 1.200 pessoas foram mortas e mais de 250 foram levadas como reféns para Gaza, de acordo com os registros israelenses.
Em resposta, Israel iniciou uma ofensiva militar contra o Hamas que devastou o enclave costeiro e matou mais de 48.000 palestinos, segundo autoridades de saúde de Gaza.
(Reportagem adicional de Nidal al-Mughrabi no Cairo, Nayera Abdallah em Dubai e Doina Chiacu em Washington)