Irã sofre com falta de eletricidade para aquecimento e fecha escolas e repartições públicas
Autoridades iranianas decidiram, na quarta-feira (12), fechar todas as escolas e escritórios administrativos em 25 das 31 províncias do país por causa de uma onda de frio, já que a eletricidade foi cortada em partes de Teerã e em uma província do norte durante várias horas, atrapalhando a rotina da população que enfrenta o inverno no hemisfério norte. Esta é pelo menos a sexta vez nos últimos três meses que o Irã decide por um fechamento geral devido à crise energética. Durante o verão (do hemisfério norte), a energia também chegou a ser cortada em resposta ao enorme aumento no consumo de gás e eletricidade.
Com correspondente da RFI em Teerã, Siavosh Ghazi, e AFP
Os fechamentos completos estão causando descontentamento social, como relata Omid, um iraniano entrevistado pela RFI: "Quando você vai aos organismos de administração pública, há cortes de energia e todos os sistemas de computador ficam fora do ar. Você tem que esperar algumas horas ou voltar vários dias depois. E então eles anunciam o fechamento total. Isso tem um grande impacto na vida cotidiana das pessoas. Todos nós somos afetados e ninguém está feliz", disse.
"Devido ao frio extremo, à geada, à queda de neve e à necessidade de reduzir o consumo de energia, escritórios e escolas foram fechados em muitas províncias", anunciou a agência de notícias local Mehr.
Além da capital Teerã, mais de 20 províncias foram afetadas por essas medidas, incluindo a província vizinha de Alborz, bem como Isfahan e Yazd (centro), Curdistão e Hamadan (oeste), Fars (sul) e Khorassan Razavi (noroeste).
Gigante da energia, mas em crise energética
Essa escassez de energia ocorre em um momento em que o Irã tem a segunda maior reserva de gás do mundo e é um importante produtor da OPEP.
Mas, nos últimos meses, o país foi forçado a racionar a eletricidade devido à falta de gás e combustível suficientes para alimentar suas usinas de energia, especialmente durante o inverno (no hemisfério norte), quando a demanda por energia para aquecer as casas aumenta.
Todas as fábricas tiveram que fechar dois dias por semana durante vários meses devido a essa mesma crise de energia. De acordo com o repórter Siavosh Ghazi, um chefe de uma grande indústria do país declarou que a produção caiu em pelo menos 20% em suas fábricas.
Sistema desatualizado
De acordo com os especialistas, a falta de investimento e o estado precário das indústrias do Irã são os principais responsáveis por essa situação. Na noite de terça-feira (11), em Teerã, a eletricidade foi cortada em vários distritos, de acordo com a televisão estatal, que culpou "o fornecimento de gás às estações de energia".
A Tavanir, empresa nacional de eletricidade, disse que estava fazendo todo o necessário para manter suas usinas de energia funcionando, mas alertou que o país teria que reduzir seu consumo de gás e eletricidade em 10%, de acordo com a agência oficial de notícias Irna.
O Irã invoca regularmente condições climáticas extremas e escassez de combustível para forçar seus funcionários a fechar os serviços públicos.
Medidas semelhantes já haviam sido tomadas em Teerã e em cerca de 20 províncias no sábado (8), um dia útil no Irã, para economizar energia.
As temperaturas caíram para -19°C durante a noite de terça-feira em Hamadan (oeste), a capital mais fria do país, de acordo com a TV estatal.
Os serviços meteorológicos estão prevendo "chuvas fortes, trovoadas e ventos intensos em 13 províncias, bem como queda de neve em altitudes mais elevadas", principalmente no norte do país.
No oeste, a cerca de 300 quilômetros em linha reta de Teerã, 60 vilarejos cercados pelas montanhas Zagros estão isolados do mundo por causa da neve, informa a agência Tasnim, acrescentando que estão sendo providenciados suprimentos aéreos.