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Diante da ofensiva de Trump e Musk para cortar gastos, servidores públicos americanos se recusam a ceder

12/02/2025 12h18

Entre as primeiras ações do novo governo de Donald Trump nos Estados Unidos, auxiliado pelo bilionário Elon Musk, estão os cortes nos gastos orçamentários. Com esse objetivo, várias agências federais já estão fechando as portas e funcionários federais sendo estimulados a renunciar. Mas a oposição à essa política vem ganhando força. 

Com informações do correspondente da RFI em Washington, Guillaume Naudin

Todos os dias, centenas de pessoas se reúnem, na hora do almoço, próximo ao Capitólio, em Washington. Em sua maioria, são servidores públicos federais reunidos a pedido dos sindicatos para ouvir os seus líderes, deputados democratas e para passar uma mensagem à nova administração do país.

É o caso de Alexis, que trabalha com segurança no transporte. "É importante que todos estejam aqui hoje, para que possamos alertar a nação sobre a segurança dos nossos empregos, a segurança das nossas famílias. E também sobre o que está acontecendo com a nova administração, para expor nossas preocupações", disse. "Queremos proteger nossos funcionários do setor público e nossas agências governamentais", completou.

A poucos passos dali, Adam, que também se identifica apenas pelo primeiro nome, explica que recebeu a oferta de demissão enviada a mais de dois milhões de servidores públicos. "É muito ofensivo, porque há todos esses insultos contra funcionários federais e ameaças. E vimos o que aconteceu com Musk no Twitter. Eles estão mentindo e isso é uma farsa", lamenta. "Eles estão apenas tentando assustar todo mundo, dizendo que o trabalho vai ficar tão ruim que é melhor pedir demissão. Mas eu decidi ser uma das pessoas que se opõem a isso, dizendo que é inaceitável", afirma o americano.

Na terça-feira (11), Elon Musk, o homem mais rico do mundo, nomeado pelo presidente Donald Trump para liderar uma comissão destinada a reduzir os gastos federais, afirmou que os Estados Unidos irão à "falência" sem cortes. "Temos um déficit de US$ 2 trilhões [R$ 11,55 trilhões] e, se não fizermos algo a respeito, o país irá à falência", declarou Musk ao lado do presidente republicano.

A oposição democrata considera ilegais as ações empreendidas pelo chefe da Tesla, SpaceX e X.

Demissões suspensas pela Justiça

O governo Trump enfrenta obstáculos nos tribunais dos Estados Unidos, já que juízes federais questionam a legalidade das medidas de redução de custos da Casa Branca, implementadas por meio da comissão conhecida como Departamento de Eficiência Governamental (Doge, na sigla em inglês).

Por enquanto, o estímulo governamental para as demissões está suspenso pela Justiça. A administração Trump busca, no entanto, economizar em diversos setores. Pelo menos 65.000 servidores públicos já aceitaram esse programa de demissões voluntárias, segundo a imprensa americana.

Apesar de todos os apelos, o governo continua a cortar gastos públicos. Na segunda-feira (10), foi anunciado o fechamento do Consumer Financial Protection Bureau (CFPB). Supostamente destinado a regular as ações dos bancos e proteger seus clientes, ele tem sido criticado pelos republicanos desde a sua criação, em 2011.

No mesmo dia, Donald Trump também demitiu o diretor do Escritório de Ética Governamental dos Estados Unidos, responsável por combater conflitos de interesse dentro do aparato estatal.

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