Alckmin nega guerra tarifária com EUA e pede 'cautela e diálogo'
O vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) afirmou que o Brasil não fará "guerra tributária" com os Estados Unidos após a imposição de taxas para o aço instituídas por Donald Trump.
O que aconteceu
O Brasil ainda não respondeu à taxação. Apesar de o presidente Lula (PT) ter falado em "reciprocidade", o Itamaraty tem sido cauteloso ao tratar da questão, exatamente para tentar evitar uma escalada com o governo recém-empossado nos EUA.
O impacto pode chegar a US$ 6 bilhões em exportações brasileiras. Os problemas podem ser ampliados ainda nesta semana, diante da promessa do norte-americano de aplicar uma política de reciprocidade tarifária. As tarifas para o aço podem chegar a 25%.
"Nós vamos dialogar para buscar ali um bom entendimento", afirmou Alckmin. "Não tem guerra tributária, tem entendimento baseado no interesse público", disse o também ministro da Indústria e do Comércio, em coletiva.
Esse é um entendimento conjunto entre a indústria siderúrgica brasileira e o governo. Segundo a colunista do UOL Raquel Landim, o objetivo é deixar o assunto "decantar" e tentar restabelecer o acordo de cotas, que vigorou de 2018 até agora, por meio de contatos diplomáticos nos dois países e pela atuação do setor privado no Congresso americano.
Alckmin citou essa possibilidade. "É um mecanismo inteligente, porque, se você aumenta o imposto de proteção do aço para os Estados Unidos, isso tem um efeito na cadeia, você tem um encarecimento na cadeia. O que foi feito anteriormente com a classe? Tem uma determinada cota e, só partir daí, [cria-se uma taxa]", avaliou.
Governo encara tarifaço como blefe de Trump para negociação. Apuração da colunista do UOL Letícia Casado mostra que o governo federal considera que o decreto de Donald Trump para sobretaxar a importação de aço e alumínio a partir de março faz parte de um blefe para forçar melhores condições comerciais para este ou mesmo para outro setor.
Os Estados Unidos são o segundo maior parceiro comercial do Brasil. Em 2024, o país teve uma participação de 12% nas exportações brasileiras e de 15,5% nas importações feitas pelo Brasil. Foram cerca de US$ 40,3 bilhões em exportações e US$ 40,5 bilhões em importações dos Estados Unidos no ano passado, segundo dados do governo brasileiro.