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Negócio de facção: o que está por trás da onda de roubos de veículos no RJ?

Onda de roubos pode ser retaliação a operações policiais, segundo o secretário - Divulgação/PMERJ
Onda de roubos pode ser retaliação a operações policiais, segundo o secretário Imagem: Divulgação/PMERJ
do UOL

Maurício Businari

Colaboração para o UOL

11/02/2025 05h30

O estado do Rio de Janeiro registrou quase 800 roubos de veículos em quatro dias. O crescimento nos índices pode ter sido causado por uma retaliação do Comando Vermelho e ter relação com questões econômicas, segundo o secretário de Segurança Pública.

O que aconteceu

Em apenas quatro dias, o número de roubos de veículos no estado do Rio aumentou 138% em relação ao mesmo período do ano anterior. Entre o dia 30 de janeiro e o dia 2 de fevereiro, o estado do Rio registrou 798 roubos de veículos, elevando a média diária para cerca de 200 crimes. No mesmo período do ano passado, ocorreram aproximadamente 336 casos. As informações são da Sesp-RJ (Secretaria de Segurança Pública do Rio de Janeiro).

Entre 2019 e 2023, houve queda nos números, coincidindo com a pandemia e a redução da circulação de pessoas. No entanto, a retomada do crime organizado elevou os índices nos últimos dois anos. Ainda assim, pontua a Sesp-RJ, os números são menores do que os registrados em 2017 e 2018.

Operações x facção

Segundo o secretário de Segurança Pública do estado, Victor Santos, esta última onda de crimes contra os veículos foi orquestrada pelo CV (Comando Vermelho), facção que domina o Rio de Janeiro, como retaliação ao aumento das operações policiais. Ele afirma que, em janeiro, a Polícia Militar apreendeu 84 fuzis, o equivalente a 15% do total apreendido em 2024. "O fuzil hoje representa a ferramenta com a qual os criminosos conseguem se infiltrar e se espalhar pelos territórios. Daí o descontentamento dos criminosos."

Os fuzis foram encontrados nas operações. Em 2024, a média de operações diárias subiu para 3,44, contra 1,73 nos anos anteriores, segundo a pasta. De 24 de abril de 2024 a 29 de janeiro de 2025, foram 953 operações.

Resgate de automóveis

O aumento dos roubos de veículos também reflete uma reconfiguração do crime organizado no Rio de Janeiro, segundo as autoridades. A guerra pelo controle de territórios não estaria restrita apenas ao tráfico de drogas, mas se expande também ao domínio econômico sobre a população, segundo Santos.

Além do desmanche de veículos, criminosos agora operam um mercado paralelo de resgate de automóveis roubados, de acordo com investigações da polícia. Cooperativas clandestinas de seguros estariam negociando pagamentos para a devolução de veículos, cobrando valores que variam de R$ 3.000 para motos a R$ 30 mil para SUVs.

Facções criminosas deixaram de ver a droga como única fonte de renda. A exploração de serviços essenciais —como cobranças ilegais por água, luz e internet— e o controle sobre os roubos de veículos se tornaram fontes de arrecadação constantes, na avaliação da Secretaria. Por isso, Santos pede à população que denuncie atividades ilícitas.

Crime contra o patrimônio é o que mais afeta a população. Exploraram esse tipo de crime para gerar insegurança. Verificamos que os gráficos de roubos de veículos e de resgates de seguros sobem juntos. Já há uma investigação iniciada pela Polícia Civil para entender o que está acontecendo e como solucionar.
Victor Santos

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