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Noboa denuncia 'irregularidades' na apuração de votos no Equador

11/02/2025 12h39

O presidente do Equador, Daniel Noboa, denunciou, nesta terça-feira (11), "irregularidades" na apuração dos votos do primeiro turno da eleição presidencial do Equador, embora a missão de observação da União Europeia e a Organização dos Estados Americanos (OEA) tenham descartado qualquer tipo de fraude.

Na apuração dos votos, o presidente supera por menos de um ponto sua rival esquerdista Luisa González, herdeira política do ex-presidente socialista Rafael Correa (2007-2017). Ambos disputarão um segundo turno em 13 de abril.

Os resultados inesperados e apertados foram um golpe para Noboa, que havia dito que venceria no primeiro turno.

"Houve muitas irregularidades e continuávamos contando. Seguíamos revisando em certas províncias que havia coisas que não batiam ou, inclusive, não batiam com a contagem rápida da OEA, que nos colocava com um número maior, o trabalho ainda não está terminado", disse o presidente, de 37 anos, em uma entrevista à Rádio Centro de Guayaquil.

Noboa explicou desta maneira o motivo de não ter celebrado nem discursado ao final do dia de eleição, no domingo, quando os resultados já indicavam um empate técnico com González, do partido Revolução Cidadã.

Pouco depois, em uma coletiva de imprensa em Quito, os observadores da UE asseguraram não ter "nem um único elemento objetivo que indique que houve qualquer tipo de fraude".

A OEA, por sua vez, informou em nota que sua "contagem rápida" coincide com os resultados da autoridade eleitoral e que "não identificou nem recebeu indícios de irregularidades".

Há uma polarização e "lamento profundamente que tenha sido acompanhada por uma certa narrativa de fraude nessas eleições", disse Gabriel Mato, chefe da missão da UE.

O presidente insistiu em que "há dezenas e dezenas de casos nos quais ameaçaram as pessoas para votar na Revolução Cidadã. Temos a evidência (...) Inclusive eleitores recebiam ameaças de grupos armados para votar na candidata que os representa".

Em mensagem na rede social X, González exigiu "respeito" de Noboa e observou que seus apoiadores "não são traficantes, nem delinquentes".

- Polarização -

O Equador está dividido rumo ao segundo turno, impulsionado pela sua pior crise em 50 anos, de acordo com especialistas.

A feroz guerra às drogas e a crise econômica levaram a "um nível extremo" de polarização, disse o cientista político Santiago Cahuasquí.

"Em nosso país, vemos há anos como sequestraram a nossa democracia. Não confio nos resultados, ainda mais que houve um empate técnico", disse à AFP Angela Almeida, uma aposentada de 68 anos, em Quito.

Embora a maioria das pesquisas já previsse um segundo turno, um empate tão acirrado foi inesperado.

Para ganhar a presidência no primeiro turno, é preciso obter mais de 50% dos votos ou 40% e uma diferença de 10 pontos sobre o adversário mais próximo.

Durante a campanha, Noboa e González mencionaram suspeitas sobre possíveis fraudes nas eleições.

No poder desde 2023, o presidente busca a reeleição com um plano de assumir uma posição firme contra as gangues em um país devastado pela violência.

Sua rival, González, busca devolver o poder à esquerda para enfrentar a insegurança e a crise com uma abordagem social. Ela também pretende se tornar a primeira mulher eleita presidente do Equador.

No segundo turno, os candidatos repetirão o duelo das atípicas eleições de 2023, nas quais Noboa se tornou um dos presidentes mais jovens do mundo.

- "Anomalias" -

Na segunda-feira, a candidata Luisa González também denunciou "anomalias" na apuração, expressou sua desconfiança na autoridade eleitoral e afirmou que a polícia impediu alguns de seus observadores de entrarem nas seções onde ocorria a contagem dos votos.

"Muito provavelmente, a Revolução Cidadã está em primeiro", disse ela em entrevista ao Teleamazonas.

No entanto, a missão de observação da UE descreveu as eleições como "transparentes, bem organizadas e pacíficas", apesar da atmosfera tensa no país.

"Entramos na campanha, nesse processo, com incertezas, com riscos, com inseguranças, com acusações de todo tipo, com uma certa desconfiança nos órgãos eleitorais e judiciais e em um cenário realmente complexo e muito polarizado e também com um clima de violência no ar", disse Mato.

A polarização e as denúncias de fraude obscurecem a reta final da escolha do futuro presidente. Os equatorianos voltarão às urnas com uma gama renovada de preocupações.

A população lamenta os danos provocados por um Estado endividado, com uma taxa de pobreza de 28% e concentrado em financiar a cara guerra contra o tráfico de drogas. Em 2023, o país registrou o recorde de 47 homicídios para cada 100 mil habitantes, mas após 14 meses de governo de Noboa o número caiu para 38/100 mil, segundo informações oficiais.

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© Agence France-Presse

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