Professora: Trump vê em Gaza um modelo de negócios e terra para dar lucro
O presidente americano, Donald Trump, olha para a Faixa de Gaza como se fosse um modelo de negócios e terra para dar lucro, opinou Bárbara Motta, professora de Relações Internacionais da Universidade Federal de Sergipe, no UOL News, do Canal UOL, nesta segunda-feira (10).
Eu acho que o Trump olha para a Gaza como um modelo de negócios. Não à toa que, em discurso passado, ele falou que queria transformar a Gaza na Riviera. Hoje no discurso mencionou que quer lidar com Gaza como se fosse um grande empreendimento imobiliário.
Então, ele olha para a Gaza como um grande território, como uma grande terra arrasada em que os Estados Unidos podem lucrar a partir do momento em que recuperarem aquele local. Bárbara Motta, professora de Relações Internacionais
Na semana passada, Trump chocou o mundo ao anunciar, ao lado do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, o plano de expulsar os palestinos que vivem na região de Gaza. Ele, no entanto, não explicou como e quando isso ocorreria. A ideia foi alvo de condenações tanto por parte de aliados como de adversários dos EUA.
A lógica que vinha sendo adotada até o Trump mencionar essa possibilidade era de que zonas de conflito seriam recuperadas a partir de uma missão de reconstrução da ONU [Organização das Nações Unidas]. Ou seja, uma missão que poderia ser aí partilhada os custos por vários países, entendendo que aquele local existem questões humanitárias. A ONU deveria estar envolvida na reconstrução daquele local.
Mas o Trump não [pensa assim]. O Trump olha para a Gaza mais uma vez como um modelo de negócios, uma terra arrasada em que os Estados Unidos podem lucrar, produzir empreendimentos.
E a gente sabe que os empreendimentos realizados pelos Estados Unidos — se essa iniciativa vier a se concretizar — não serão comprados pelos palestinos, serão comprados pelas elites israelenses e por outras elites internacionais. Bárbara Motta, professora de Relações Internacionais
Lemos: 'Setor tech dos EUA é alvo ideal, mas Brasil precisa ter cautela'
No UOL News, o colunista da Folha de S.Paulo Ronaldo Lemos afirmou que o governo brasileiro precisa de cautela para não jogar mais fogo em gasolina na guerra comercial imposta pelo governo do presidente Donald Trump.
É um erro agir de forma não planejada, precipitada e sozinho. Se o Brasil quiser agir, precisa ser em bloco, entender o que a Europa vai fazer, o que outros países que foram tarifados vão fazer. Isso é fundamental. O que tenho medo é o Brasil acelerar, com características isoladas, só nossas, e isso chamar a atenção para o que a gente está fazendo e gerar uma retaliação ainda maior. Ronaldo Lemos, colunista da Folha de S.Paulo
Nesta segunda, Trump deve anunciar tarifas contra o aço, afetando potencialmente US$ 6 bilhões em exportações brasileiras. Os problemas podem ser ampliados ainda nesta semana, diante da promessa do americano de que irá aplicar uma política de reciprocidade tarifária. As tarifas contra o aço devem chegar a até 25%.
Segundo fontes ouvidas pelo jornal Folha de S.Paulo, o governo Lula (PT) estuda taxar plataformas digitais norte-americanas como medida de retaliação. Caso isso aconteça, serviços digitais de Amazon, Facebook, Instagram, Google e Spotify —uma empresa sueca— seriam afetados. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que era preciso aguardar o anúncio oficial dos EUA.
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Tales: 'Ordem dentro do governo Lula é ter reação cirúrgica a Trump'
Ainda durante o UOL News, o colunista Tales Faria disse que o governo federal estuda uma reação precisa ao governo de Donald Trump caso o presidente dos Estados Unidos confirme sua pretensão de elevar tarifas sobre o aço e o alumínio de todos os países.
A ordem dentro do governo é ter uma reação cirúrgica. Está sendo feito um levantamento pela Fazenda das medidas que podem ser tomadas. Na Indústria e Comércio, há uma avaliação de como essas medidas podem provocar danos às empresas brasileiras. Fernando Haddad e Geraldo Alckmin, junto ao Ministério das Relações Exteriores, fazem esse levantamento com muito cuidado para que isso não se torne uma guerra comercial.
O que não interessa ao Brasil é uma guerra comercial com os EUA e com Trump. Também não interessa aos EUA, porque nosso aço é muito importante nessa relação entre os dois países, assim como o petróleo. Tudo isso também tem consequências para a indústria americana. O petróleo bruto exportado pelo Brasil move boa parte da economia dos EUA; o aço é fundamental na indústria automobilística. Tales Faria, colunista do UOL
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Exportações de aço do Brasil caíram no ano passado
Em 2024, o Brasil produziu 33,74 milhões de toneladas de aço, 5,3% a mais que as 32,03 milhões de toneladas de 2023. A elevação se deu principalmente pelo aquecimento do mercado interno. Os dados foram divulgados em janeiro pelo instituto Aço Brasil, que reúne siderúrgicas instaladas no país.
De janeiro a dezembro do ano passado, 9,6 milhões de toneladas de aço deixaram o Brasil, em negociações que representaram US$ 7,7 bilhões ao país. Esses dados representam, respectivamente, redução de 18,1% (na quantidade) e de 21,9% (no valor) na comparação com o mesmo período de 2023.
No seu primeiro mandato, Trump já havia colocado uma tarifa de 25% sobre o aço e 10% sobre o alumínio. No entanto, ele reverteu as tarifas de importação de aço no passado, negociando cotas de importação, especificando quantidades limitadas para compra dos produtos com o Brasil, o México e o Canadá
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