Ameaçado de impeachment, Klaus Iohannis, presidente da Rômenia, deixa o cargo
O presidente romeno, Klaus Iohannis, anunciou sua renúncia nesta segunda-feira (10) durante um discurso solene em Bucareste. "Para poupar a Romênia desta crise desnecessária e negativa, estou renunciando à presidência", disse o chefe de Estado romeno à imprensa. Ele deixará o cargo oficialmente na quarta-feira (12).
Em 6 de dezembro, a Corte Constitucional da Romênia cancelou o primeiro turno da eleição presidencial, que deu a vitória ao candidato de extrema direita Calin Georgescu, que teve 23% dos votos após uma campanha ativa nas redes sociais.
Segundo o serviço de inteligência romeno, há suspeitas de interferência russa no pleito. As autoridades acusam Georgescu de ter se beneficiado de uma campanha de apoio ilícito no TikTok. A Comissão Europeia anunciou a abertura de um inquérito.
Após uma decisão Tribunal Superior, o chefe de Estado liberal e pró-europeu de 65 anos deveria ficar no cargo até eleição de seu sucessor, marcada para 4 e 18 de maio. Seu segundo e último mandato expirou em 21 de dezembro.
Desde então, dezenas de milhares de romenos foram às ruas para denunciar um "golpe de Estado".
O presidente do Senado e líder da coalizão governista do Partido Liberal, Ilie Bolojan, assumirá a presidência interina com poderes limitados até as eleições de maio.
Extrema direita comemora renúncia
Três partidos de oposição de extrema-direita, que controlam cerca de 35% dos assentos no Parlamento, iniciaram um processo de impeachment contra o chefe de Estado em janeiro.
Segundo analistas, diante da impopularidade de Klaus Iohannis, alguns parlamentares dos principais partidos pró-europeus não descartaram a hipóteses de dar à direita radical a maioria necessária para o impeachment.
"Em poucos dias, o Parlamento romeno votará minha demissão e a Romênia mergulhará em outra crise com repercussões no país e, infelizmente, também fora de nossas fronteiras", explicou o presidente antes de anunciar sua renúncia.
No poder desde 2014, Iohannis lamentou que a situação tenha chegado a esse ponto, e disse que "nunca desrespeitou a Constituição". A extrema direita comemorou a renúncia. "Esta é a sua vitória!", disse o líder do partido AUR, George Simion, no Facebook, referindo-se aos recentes protestos. "Agora é hora de focar no segundo turno."
Com informações da AFP