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Anistia, emendas, guerra dos bonés: as falas de Motta no comando da Câmara

Presidente da Câmara dos Deputados Hugo Motta (Republicanos-PB) - Marina Ramos/Câmara dos Deputados
Presidente da Câmara dos Deputados Hugo Motta (Republicanos-PB) Imagem: Marina Ramos/Câmara dos Deputados
do UOL

Nathália Moreira

Do UOL, em São Paulo

08/02/2025 05h30

Na primeira semana como presidente da Câmara, Hugo Motta relativizou o 8/1, afirmando que não foi golpe, falou sobre as discussões de anistia aos envolvidos nos atos e citou transparência na questão das emendas parlamentares.

Motta também falou sobre pedidos de impeachment de Lula, avaliou o momento econômico do país e criticou a chamada "guerra dos bonés".

Anistia e golpe

Em aceno a bolsonaristas, Motta disse que 8 de Janeiro não foi golpe. Motta afirmou, em entrevista na sexta-feira (7) à Arapuan FM, de João Pessoa, que o episódio "foi uma agressão às instituições" e relativizou o tema.

Agora, querer dizer que foi um golpe... Golpe tem que ter um líder, golpe tem que ter uma pessoa estimulando, tem que ter apoio de outras instituições interessadas, como as Forças Armadas. Não teve isso. Ali foram vândalos, baderneiros com inconformidade com o resultado da eleição, demonstrando sua revolta, achando que aquilo ali poderia resolver [e fazer] talvez o não prosseguimento do mandato do presidente Lula. E o Brasil foi muito feliz na resposta. Hugo Motta (Republicanos-PB), presidente da Câmara

Logo ao assumir, Hugo Motta defendeu discussão "serena" sobre a anistia aos condenados no 8 de Janeiro. Ele afirmou que o tema divide a Casa, mas que precisa ser debatido com "respeito ao devido processo legal".

Com toda a responsabilidade, nós vamos tratar esse tema [anistia] de maneira muito tranquila, de maneira muito serena, para que esse tema não seja mais um fator para aumentar o tensionamento que existe hoje entre os Poderes, entre o Judiciário, Legislativo e Executivo.

Emendas parlamentares

Emendas parlamentares serão identificadas como manda STF. Em entrevista à colunista do UOL Natália Portinari, Motta afirmou que não ver problema em seguir a determinação do Supremo de identificar todas as emendas parlamentares com seus "padrinhos".

Daqui para frente, podemos colocar o nome [do padrinho] também. Penso que não há problema com isso

Em seu discurso de posse, Motta defendeu o mecanismo de distribuição de recursos. E em entrevistas disse que desvios serão corrigidos.

Com relação a quem indica emendas para vantagens financeiras pessoais, cometendo crimes, não estou defendendo esse parlamentar, essa prática. Só estou dizendo que não dá para generalizar que os 513 deputados fazem isso. Se tiver alguém que faz isso, será a minoria da minoria da Casa.

Debate sobre parlamentarismo

Motta disse que apoia a discussão sobre a implementação do parlamentarismo no Brasil. Ele disse, no entanto, que essa discussão não deve ser feita de uma hora para a outra, mas com responsabilidade.

Essa tem que ser uma discussão bem feita, com longo prazo, não só aqui em Brasília, mas nos estados. Para que a população, até através do trabalho da imprensa, possa conhecer melhor o que é esse momento e entender que não representa uma mera usurpação do direito de escolher quem será o próximo presidente. Eu apoio esse debate.

Economia e preço dos alimentos

Motta avaliou o momento da economia e a gestão do ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Ele afirmou que Haddad vem "se esforçando para fazer um bom trabalho". Motta reafirmou a disposição de colaborar com o governo, mas disse que o Planalto precisa reconhecer que a situação econômica é grave.

Presidente da Câmara também falou sobre a alta no preço dos alimentos. Ele afirmou que são necessárias "decisões duras", mas reconheceu esforço do governo nessa direção.

Para que isso seja resolvido, passa por uma política de enfrentamento da questão fiscal do país. Não vai ser [algo] paliativo que vai resolver o problema de se reduzir o preço dos alimentos. Não vai ser enfrentando dessa forma, porque nós já vimos que medidas tomadas de forma superficial não trazem constância ou estabilidade de médio e longo prazo.

Pedidos de impeachment de Lula

Os pedidos da oposição para analisar o impeachment de Lula devem ser vistos com "muita responsabilidade", segundo Motta. "Já existem alguns pedidos de impeachment que ainda não foram protocolados sob a presidência de Arthur Lira. Esses assuntos devem sempre ser analisados com muita responsabilidade. O país já tem muitos problemas para estarmos aqui criando mais instabilidade política".

Toda construção que leva a um processo de impedimento de um presidente deixa traumas [...] Se pudermos evitar toda e qualquer tipo de instabilidade, penso que é o melhor caminho para nossa nação. Não vamos resolver nossos problemas gerando mais problemas.

'Guerra dos bonés'

O presidente da Câmara criticou a guerra dos bonés. Motta publicou nas redes sociais que boné serve para proteger a cabeça do sol.

O que a gente precisa é fazer, e ter a cabeça aberta para pensar em como ajudar o Brasil a ir para frente.

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