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EUA pressionam autoridades do Líbano a excluir representantes do Hezbollah no novo governo

08/02/2025 10h52

O governo do Líbano está prestes a ser formado após semanas de intensas negociações sobre a composição ministerial. O país adota um sistema sectário, onde os cargos políticos são distribuídos entre diferentes comunidades religiosas - como os muçulmanos sunitas e xiitas, cristãos maronitas, drusos e outros. O presidente libanês, Joseph Aoun, sofre pressões de Washington para excluir o movimento xiita Hezbollah do futuro ministério.

Giovanna Vial, correspondente da RFI em Beirute

A eleição de Joseph Aoun como presidente e a nomeação de Nawaf Salam como primeiro-ministro, em janeiro deste ano, sugerem uma forte influência dos Estados Unidos na política libanesa. Em Beirute, outdoors com a imagem do presidente libanês Joseph Aoun e o slogan "Make Lebanon great again" (torne o Líbano ótimo novamente) estampam os viadutos da cidade, em uma clara alusão ao slogan de campanha do presidente norte-americano Donald Trump.

Na última sexta-feira, 7 de fevereiro, a enviada norte-americana Morgan Ortagus visitou o Líbano e insistiu que o Hezbollah seja excluído da formação do novo governo. O representante do grupo xiita no parlamento, Mohammad Raad, classificou a intervenção norte-americana como " inaceitável". Nabih Berri, líder xiita do Parlamento libanês, tem defendido a inclusão dos xiitas no governo. Depois de se reunir com a norte-americana, o presidente Aoun declarou que "algumas" das observações feitas por ela não "representavam seu próprio ponto de vista e não diziam respeito à presidência".

Enquanto isso, Israel continua ocupando o sul do Líbano e promovendo bombardeios aéreos no país em violação ao acordo de cessar-fogo implementado a partir de 27 de novembro de 2024. O prazo para a retirada israelense foi estendido até o próximo dia 18 de fevereiro.

Em sua visita a Washington, na última semana, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, presenteou o republicano com um pager dourado, um objeto que recorda a operação israelense contra o Hezbollah em 17 e 18 de setembro passados. Para o governo israelense, as explosões coordenadas de centenas de aparelhos de transmissão - como pagers e walkie-talkies - usados por membros do Hezbollah representou uma virada na guerra e marcou "o início do colapso moral do Hezbollah", segundo um comunicado de Israel. As explosões deixaram 39 mortos e quase 3.000 feridos, segundo as autoridades libanesas.

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