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As estratégias dos desenvolvedores de IA na Europa face à guerra digital entre EUA e China

08/02/2025 09h48

No final de janeiro, um novo concorrente chinês, até então pouco conhecido, surpreendeu ao lançar modelos de inteligência artificial com desempenho equivalente ao da líder norte-americana OpenAI, criadora do ChatGPT. As revistas semanais francesas analisam quais as chances das empresas francesas nesta concorrência mundial, como o Mistral, startup que nasceu para tentar um lugar ao sol em meio ao domínio sino-americano no setor.

"Diante da aceleração dos Estados Unidos e do crescente avanço da China na inteligência artificial, todas as atenções se voltam para a única grande aposta francesa, e o fracasso não é uma opção", publica a revista francesa L'Express desta semana.

O DeepSeek chinês não apenas se igualou aos padrões dos gigantes da IA, mas o fez a um custo significativamente menor. A descoberta causou um verdadeiro abalo no setor de tecnologia nos Estados Unidos, eliminando cerca de US$ 1 trilhão em valor de mercado em apenas um dia, em 27 de janeiro.

"Mas também levantou questões sobre o papel da Europa na corrida pela IA e sua principal opção: a startup Mistral. Esse 'momento DeepSeek' poderia ter sido europeu", lamenta L'Express.

A Mistral foi criada há apenas 18 meses focando na eficiência e no tamanho de seus modelos. "Competir apenas por desempenho seria mais arriscado, já que a empresa enfrenta desafios como menor financiamento e acesso limitado aos melhores chips de IA", diz a revista, especificando que "a próxima batalha será travada para a criação de modelos específicos para usos precisos na indústria, saúde ou educação, um terreno que a Europa domina".

Mesmo assim, sua estratégia chamou a atenção do mundo. "A vantagem inicial da Mistral é combinar alto desempenho com modelos menores, o que facilita sua implementação em diversas aplicações", explica ao veículo Daniel Castro, vice-presidente do Itif, um think tank dos Estados Unidos. 

"Dono do mundo"

Já a revista Le Nouvel Obs desta semana traz em sua capa a seguinte manchete: "Nossas vidas na era da IA: como a inteligência artificial se impõe em nosso cotidiano", e lembra que, em 2017, o presidente russo, Vladimir Putin, havia antecipado que "aquele que se tornará o líder da inteligência artificial será o dono do mundo".

"A submissão aos modelos tecno-autoritários de norte-americanos e chineses não é uma fatalidade e a Europa deve criar recursos próprios para prová-lo", sentencia a revista francesa.

Nas vésperas de uma cúpula internacional sediada em Paris sobre o tema, a Nouvel Obs usa termos como "colonização de nossos imaginários" e "círculo vicioso de dependência". A revista elenca uma série de reflexões sobre a IA: "a manutenção do livre arbítrio quando a máquina tem resposta para tudo, maneiras de viver harmoniosamente com os robôs e o que fazer se a inteligência artificial se tornar um produto de empresas privadas".

A semanal também lembra do "limite ecológico da IA, a gigantesca quantidade de energia necessária para manter essas máquinas funcionando globalmente".

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