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SP lidera ranking: 2024 foi o ano com mais mortes em voos em 10 anos

do UOL

Giovanna Arruda

Colaboração para o UOL

08/02/2025 05h30

Um avião de pequeno porte caiu na manhã desta sexta-feira (7) em uma avenida movimentada na Barra Funda, na zona Oeste de São Paulo.

O acidente, que deixou dois mortos e ao menos seis feridos, passou a integrar a estatística de ocorrências fatais envolvendo aeronaves. Segundo dados do Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos), 2024 foi o ano mais letal no Brasil na última década em relação ao número de mortes neste tipo de ocorrência.

Os acidentes aéreos em 2024

Segundo relatório do painel Sipaer (Sistema de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos), foram 175 acidentes aéreos em 2024. Destes 175, 44 resultaram em mortes. Até então, o ano com o maior número de acidentes aéreos registrados pelo Sipaer havia sido 2015, com 172 ocorrências.

152 pessoas morreram em decorrência de acidentes aeronáuticos em 2024. O número indica que o ano passado teve o maior número de vítimas pelo menos nos últimos 10 anos, período reportado pelo painel, ultrapassando 2016 —quando 104 pessoas morreram neste tipo de ocorrência. Segundo os registros, o ano menos letal em relação a acidentes aéreos foi 2022, com 49 mortes em 138 ocorrências.

O painel do Sipaer identifica três momentos principais na ocorrência dos acidentes aéreos no ano passado. 44 dos acidentes de 2024 aconteceram na fase de cruzeiro, 39 ocorrências no momento do pouso e 32 na decolagem. A maior causa dos acidentes, responsável por 46 dos acidentes, foi "falha ou mau funcionamento do motor".

Em 2024, São Paulo foi o estado com o maior número de acidentes aéreos registrados —foram 31. Rio Grande do Sul e Minas Gerais, com 17 e 13 acidentes, respectivamente, completam o ranking. São Paulo também lidera na relação desde 2015, com 290 acidentes registrados.

Dois acidentes contribuíram para que 2024 somasse o alto número de vítimas. Em agosto, uma aeronave da Voepass caiu em Vinhedo, no interior de São Paulo, e provocou a morte de todos os 62 passageiros. Em dezembro, 10 pessoas morreram após a queda de um avião em Gramado (RS).

Imagem áerea do local onde avião da Voepass caiu no dia no início de agosto de 2024 - NELSON ALMEIDA/AFP - NELSON ALMEIDA/AFP
Imagem áerea do local onde avião da Voepass caiu no dia no início de agosto de 2024
Imagem: NELSON ALMEIDA/AFP

O início de 2025 tem sido marcado por acidentes aéreos no Brasil. Somente em janeiro, acidentes com um avião em Ubatuba e com um helicóptero em Caieiras, ambos no estado de São Paulo, também resultaram em óbitos. Segundo o painel do Sipae, já são 20 acidentes do tipo neste ano, cinco deles com mortes.

O que aconteceu

A aeronave caiu por volta das 7h20 na Avenida Marquês de São Vicente, após sair do Campo de Marte. O avião arrancou árvores, placas de trânsito e bateu na traseira de um ônibus, que estava parado para embarque e desembarque. O veículo da linha 8500 Terminal Pirituba-Barra Funda tinha sete pessoas no momento do acidente: cinco passageiros, o motorista e o cobrador. Segundo testemunhas, o avião se arrastou pela avenida até se chocar com o ônibus e explodir.

O avião estava indo para Porto Alegre. Os corpos do piloto Gustavo Medeiros e do passageiro, o advogado e proprietário da aeronave Márcio Louzada Carpena, foram encontrados carbonizados no local do acidente. Segundo o perito aeronáutico e forense Daniel Kalazans "tudo indica que foi uma falha técnica, mecânica".

Segundo o médico do Samu que atendeu a ocorrência, o motorista do ônibus envolvido na batida passa bem, mas está em estado de choque. Um motociclista foi atendido após ter se assustado e atingido uma placa de trânsito, e uma idosa que estava dentro do ônibus bateu a cabeça e fez um corte. Outras três pessoas no ponto ou dentro do ônibus também ficaram feridas, disse Kléber Vitor Santos, médico do corpo de Bombeiros.

Aeronave era um King Air com capacidade para até oito passageiros. O avião de pequeno porte, matrícula PS-FEM, foi fabricado em 1981 e transferido para o atual dono em dezembro de 2024. O King Air pertencia à empresa Máxima Inteligência Operações e Empreendimentos e não tinha autorização para fazer táxi aéreo, segundo o sistema da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil). A aeronavegabilidade [estado de segurança da aeronave], porém, estava em situação normal

Destroços de avião que caiu na avenida Marquês de São Vicente; a traseira de um ônibus foi atingida pela aeronave - Felipe Rau/Estadão Conteúdo - Felipe Rau/Estadão Conteúdo
Destroços de avião que caiu na avenida Marquês de São Vicente; a traseira de um ônibus foi atingida pela aeronave
Imagem: Felipe Rau/Estadão Conteúdo

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